A arquiteta parisiense Laura Gonzales fala sobre sua inf&acirc;ncia, seu estilo maximalista, sua agenda lotada e o que a diferencia de outros profissionais da &aacute;rea

A <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/arte-e-cultura-saiba-mais-sobre-o-sp-foto-viewing-room-2020">arquiteta</a> e designer <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/cartier-reabre-a-primeira-loja-em-paris">Laura Gonzales</a> viaja para todos os cantos do mundo com projetos ambiciosos que abrangem de tudo &ndash; hot&eacute;is em Roma e na Espanha, uma loja conceito em Nova York e butiques luxuosas em T&oacute;quio e no Hava&iacute; &ndash;, sempre com o seu <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/filmes-personagens-que-se-transformaram-em-icones-de-moda">estilo maximalista</a>. &ldquo;Cada projeto &eacute; uma hist&oacute;ria nova para contar. Acima de tudo, eu adoro refazer lugares m&iacute;ticos&rdquo;, diz.&nbsp;
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Nascida em Paris, Laura cresceu perto de Cannes, no sul da Fran&ccedil;a. Seu pai era dono de um hotel e um restaurante, e ela ficava imersa nesse mundo de hospitalidade. &ldquo;O escrit&oacute;rio do meu pai era forrado com estampas de caxemira. Todo c&ocirc;modo da casa era muito ativo e maximalista, com inspira&ccedil;&atilde;o no norte da &Aacute;frica, particularmente na Arg&eacute;lia, onde meu pai nasceu&rdquo;, diz a arquiteta. &ldquo;Como eu era filha &uacute;nica, meus pais me levavam a todo lugar. Eles amavam arte e casas de leil&atilde;o.&rdquo;&nbsp;

A arte desafiou a jovem Laura. Ela desenhava e fabricava cer&acirc;mica, mas n&atilde;o tinha certeza se queria seguir com aquilo. &ldquo;Eu n&atilde;o pensava nisso; ningu&eacute;m na minha fam&iacute;lia era arquiteto ou decorador&rdquo;, conta. &ldquo;Eu pensava comigo: quero fazer um trabalho art&iacute;stico, mas n&atilde;o me vejo indo para uma escola de arte. Tamb&eacute;m sou muito organizada, e a arquitetura combina esses dois lados da minha personalidade.&rdquo;
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Laura se matriculou na Escola Nacional Superior de Arquitetura Paris-Malaquais. Ela fala com empolga&ccedil;&atilde;o de seus estudos ali, que inclu&iacute;ram workshops sobre desenho de coreografia e de corpo nu. Laura tamb&eacute;m estudou na China e em Veneza, onde passou tr&ecirc;s meses trabalhando em seu projeto de gradua&ccedil;&atilde;o. Sua ideia era conceber um museu no Punta della Dogana, antes que Fran&ccedil;ois Pinault estabelecesse ali sua cole&ccedil;&atilde;o e confiasse a arquitetura a Tadao Ando. &ldquo;Ele poderia ter delegado a mim&rdquo;, ela ri. A arquiteta fundou sua ag&ecirc;ncia, a Pravda Arkitect, alguns meses antes de se formar, e seu primeiro grande projeto foi o clube parisiense Les Bus Palladium. &ldquo;Foi uma aventura criativa completa. Esta &eacute; a vantagem de hot&eacute;is e restaurantes: eles s&atilde;o muito mais inovadores que um apartamento em Paris.&rdquo;&nbsp;
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Dos 45 membros da equipe de Laura, 38 s&atilde;o mulheres. &ldquo;N&oacute;s trazemos uma percep&ccedil;&atilde;o diferente, e os clientes v&ecirc;m at&eacute; n&oacute;s por isso. &Eacute; uma sensibilidade que diferencia nosso trabalho. H&aacute; uma &oacute;tima gera&ccedil;&atilde;o de arquitetas chegando&rdquo;, ela diz.

<h3 style="text-align: center;">&ldquo;MESMO QUANDO EU TENTO suavizar as coisas, N&Atilde;O CONSIGO. &Agrave;S VEZES ACHO QUE VOU PELO MAIS neutro, MAS A&Iacute; come&ccedil;a TUDO de novo.</h3>
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L&rsquo;OFFICIEL A sua est&eacute;tica &eacute; muito l&uacute;dica.&nbsp;
LAURA GONZALEZ Mesmo quando eu tento suavizar as coisas, n&atilde;o consigo. &Eacute; como com o meu pr&oacute;prio apartamento: &agrave;s vezes acho que vou pelo mais neutro, mas a&iacute; come&ccedil;a tudo de novo. Tapetes chegam, a&iacute; tecidos, pinturas, sof&aacute;s... Eu acho que, num contexto mais estressante, queremos um ambiente alegre e colorido, que nos transporte para todo lugar e nos fa&ccedil;a sonhar. Teria sido dif&iacute;cil, para mim, fazer apenas minimalismo. Misturar coisas e encontrar a harmonia certa &eacute; algo muito intuitivo para mim. Escolher um tecido &agrave;s vezes pode levar horas. &Agrave;s vezes certo modelo n&atilde;o est&aacute; mais dispon&iacute;vel, e estamos tentando refazer a sala toda. Outras vezes alguma coisa &eacute; muito velha, muito kitsch, n&atilde;o &eacute; moderna o bastante, muito clara &ndash; voc&ecirc; sempre tem que encontrar o equil&iacute;brio certo. &Eacute; como um jogo de Tetris.

L&rsquo;O Voc&ecirc; tem v&aacute;rios projetos de loja e hospitalidade entre os seus trabalhos. Tamb&eacute;m faz projetos particulares?&nbsp;
LG Nossa ag&ecirc;ncia &eacute; [pequena], e nosso jeito de trabalhar nos deixa pouco tempo para fazer apartamentos. Preferimos trabalhar com casas de veraneio, porque a experi&ecirc;ncia &eacute; um pouco mais tranquila. Seja em Marbella, seja em Capri, [essas resid&ecirc;ncias s&atilde;o] onde nossos clientes querem relaxar e ficar &agrave; vontade. Tamb&eacute;m estou trabalhando num livro publicado pela Rizzoli que ser&aacute; lan&ccedil;ado neste outono [europeu]. Eu n&atilde;o queria fazer um portf&oacute;lio, ent&atilde;o escolhi projetos e segui um modo narrativo que cobre resid&ecirc;ncias, hot&eacute;is, restaurantes e casas de campo.&nbsp;
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L&rsquo;O Conte-nos sobre sua cole&ccedil;&atilde;o de m&oacute;veis New York Splendor [Esplendor de Nova York]. Voc&ecirc; quer fazer mais design de mobili&aacute;rio?&nbsp;
LG Eu chamo a cria&ccedil;&atilde;o de m&oacute;veis de minha pequena recrea&ccedil;&atilde;o. Para essa cole&ccedil;&atilde;o, n&oacute;s trabalhamos com artes&atilde;os e fabricamos tudo na Fran&ccedil;a; a cole&ccedil;&atilde;o &eacute; divertida, e a levamos para ser exibida em Nova York. Geralmente n&atilde;o temos estoque, e uma vez por ano apresentamos pe&ccedil;as na nossa galeria no 7o Arrondissement de Paris, que exibimos como se fossem diversas vinhetas. A pr&oacute;xima exposi&ccedil;&atilde;o vai ser em setembro.&nbsp;

L&rsquo;O Como a sua abordagem se desenvolveu ao longo do tempo?&nbsp;
LG Afinei minha abordagem, mantendo um equil&iacute;brio enquanto ainda estava expandindo os limites. Temos poucas barreiras criativas agora, mas especialmente um novo campo da explora&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica, com novos materiais, principalmente t&ecirc;xteis recicl&aacute;veis, ent&atilde;o &eacute; uma nova forma de trabalhar. Na minha opini&atilde;o, o uso desses materiais &eacute; que faz o estilo.

Laura Gonzales: arquiteta parisiense em entrevista exclusiva

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