Document&aacute;rio &ldquo;Entre tran&ccedil;as e tramas: a revolu&ccedil;&atilde;o artesanal das mulheres da carna&uacute;ba&rdquo; conta a trajet&oacute;ria de 28 agricultoras do Piau&iacute;

S&atilde;o 28 mulheres, com idades entre 18 e 70 anos, pequenas e grandes agricultoras vivendo em duas cidades no interior do Piau&iacute;, Campo Maior e Piripiri. Da vida no campo e da&nbsp; supera&ccedil;&atilde;o do trabalho an&aacute;logo a escravid&atilde;o &agrave; ao mercado da moda brasileiro e internacional, contadas em novo document&aacute;rio &ldquo;Entre tran&ccedil;as e tramas: a revolu&ccedil;&atilde;o artesanal das mulheres da carna&uacute;ba&rdquo;. Produzido pela Organiza&ccedil;&atilde;o Internacional do Trabalho (OIT) e o Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho (MPT), e consultoria do Nordestesse, o document&aacute;rio foi lan&ccedil;ado em S&atilde;o Paulo, na Casa Gabriel.&nbsp;
&ldquo;A carna&uacute;ba &eacute; minha vida. Nasci e cresci vendo a folha de carna&uacute;ba como fonte de renda&rdquo;, diz Sandra Gomes, agricultora e artes&atilde; de Campo Maior.

&Aacute;rvore da vida

A carna&uacute;ba, tamb&eacute;m chamada &ldquo;&aacute;rvore da vida&rdquo;, &eacute; uma palmeira nativa e exclusiva do Nordeste brasileiro. Tudo se aproveita da &aacute;rvore: suas ra&iacute;zes s&atilde;o de uso medicinal; sua folha &eacute; utilizada na produ&ccedil;&atilde;o de artesanato; e a palha seca (bagana) serve como adubo org&acirc;nico de excelente qualidade.
A carna&uacute;ba faz parte da paisagem e da subsist&ecirc;ncia da popula&ccedil;&atilde;o rural de Piripiri e de Campo Maior.

O Plano

Um cen&aacute;rio marcado em 2016 por casos de resgates de trabalhadores em condi&ccedil;&otilde;es an&aacute;logas &agrave; escravid&atilde;o no campo fez surgir o desafio de criar alternativas de gera&ccedil;&atilde;o de renda. O trabalho artesanal do tra&ccedil;ado da palha de carna&uacute;ba foi prioridade, um saber ancestral fadado a desaparecer devido &agrave; falta de apoio local para sua produ&ccedil;&atilde;o e aus&ecirc;ncia de comercializa&ccedil;&atilde;o.&nbsp;
Ent&atilde;o, em 2020, nasce o &ldquo;Plano de Promo&ccedil;&atilde;o do Trabalho Decente na Cadeia Produtiva da Carna&uacute;ba&rdquo;, lan&ccedil;ado pela OIT e pelo Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho. Promovendo melhores condi&ccedil;&otilde;es de trabalho e a justi&ccedil;a social para os agricultores e as agricultoras desses dois munic&iacute;pios.

Em uma parceria entre a OIT, o Sebrae-PI e a ag&ecirc;ncia de fomento alem&atilde; GIZ, dois grupos de mulheres de Campo Maior e Piripiri receberam treinamento em artesanato, com o objetivo de reaprender a t&eacute;cnica ancestral do tran&ccedil;ado da palha da carna&uacute;ba. E logo veio o desenvolvimento de uma cole&ccedil;&atilde;o de bolsas, cestaria e objetos de decora&ccedil;&atilde;o autorais.
&ldquo;Essas oficinas foram um resgate de tudo o que a gente j&aacute; fazia, mas dando nova roupagem, trazendo um novo olhar.&nbsp; Porque antigamente uma bolsa de palha s&oacute; servia para a praia, n&eacute;? E hoje, se bem-feita, com criatividade, pode ser usada em qualquer lugar&rdquo;, explica Elis&acirc;ngela Pereira da Silva, l&iacute;der das artes&atilde;s.

Selecionada para ajudar no processo de aperfei&ccedil;oamento das pe&ccedil;as, a consultoria Nordestesse visa na inser&ccedil;&atilde;o no mercado de artesanato nacional. Detalhes em coco, talo de carna&uacute;ba e mucun&atilde; foram acrescentados nas bolsas e cestos, sendo hoje marca registrada dos produtos.&nbsp;
O Nordestesse tamb&eacute;m criou marcas e definiu a identidade visual de cada um dos grupos, assim como preparar suas integrantes para a comercializa&ccedil;&atilde;o dos produtos online e em feiras de artesanato locais, regionais e nacionais.&nbsp;
As artes&atilde;s passaram por curso de precifica&ccedil;&atilde;o ministrado pelo Sebrae-PI, e tamb&eacute;m aprenderam as diferen&ccedil;as entre os mercados de varejo e atacado, estando hoje aptas a atuarem nos dois modelos de neg&oacute;cio.

Curicacas e Natupalha

A produ&ccedil;&atilde;o de cestos e bolsas est&aacute; consolidada atualmente, com design e identidade pr&oacute;prios. O grupo de artes&atilde;s de Piripiri recebeu o nome de Natupalha, e o de Campo Maior, Curicacas, p&aacute;ssaro muito comum na comunidade do Resolvido, na zona rural, de onde v&ecirc;m a maioria das artes&atilde;s. E cada um tem seu Instagram: @usecuricacas e @natupalha.

DIRE&Ccedil;&Atilde;O: Caravela Studio.&nbsp;
C&Acirc;MERA E EDI&Ccedil;&Atilde;O: Pedro Torres.&nbsp;
ASSIST&Ecirc;NCIA: Gelton Duarte.&nbsp;

Novo documentário conta a trajetória de 28 agricultoras do Piauí

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