A Casa de Criadores completa 50 edi&ccedil;&otilde;es, volta ao circuito presencial e abre caminho para uma moda de protesto e para a pr&oacute;xima gera&ccedil;&atilde;o de estilistas

J&aacute; faz algum tempo que a moda brasileira tem focado em suas origens. Depois que o mainstream tomou conta da principal passarela fashion da Am&eacute;rica Latina, ainda que, em sua edi&ccedil;&atilde;o mais recente, houve certo empenho em incluir no line-up marcas que passam longe das vitrines dos shoppings, &eacute; na <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/casa-de-criadores-confira-o-segundo-dia">Casa de Criadores</a> que o show acontece pra valer.
Em sua 50&ordf; edi&ccedil;&atilde;o, com 25 anos causando frisson entre os puristas, o evento re&uacute;ne estilistas autorais, que brincam com os experimentalismos e se antecipam at&eacute; mesmo &agrave;s demandas sociais (enquanto as grifes grandalhonas &ldquo;cotizavam&rdquo; os seus castings, j&aacute; era realidade na &lsquo;Casa&rsquo; ter desfiles inteiros protagonizados por modelos pretos). Temas como gordofobia, capacitismo, g&ecirc;nero, transfobia e at&eacute; pol&iacute;tica ganharam for&ccedil;a sob a reg&ecirc;ncia do jornalista Andr&eacute; Hidalgo, que comanda o espet&aacute;culo desde os prim&oacute;rdios, e que lan&ccedil;ou no mercado nomes como <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/spfwn51-primeiro-dia">Ronaldo Fraga</a>, Jum Nakao, Marcelo Sommer, Lorenzo Merlino, Andr&eacute; Lima, <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/flores-para-iemanja-confira-a-nova-colecao-de-isaac-silva-para-a-spfw">Isaac Silva</a>, Jal Vieira, Leandro Castro, entre tantos outros.
Numa collab com o movimento &ldquo;Sou de Algod&atilde;o&rdquo;, cuja miss&atilde;o &eacute; estimular o consumo da fibra produzida em solo nacional, rolou o segundo desafio para encontrar mais um jovem talento da moda. As inscri&ccedil;&otilde;es puderam ser feitas por estudantes de todas as regi&otilde;es brasileiras, e os participantes foram convidados a tramar cole&ccedil;&otilde;es in&eacute;ditas, usando o algod&atilde;o em pelo menos 70% da composi&ccedil;&atilde;o de cada look.
Oito finalistas disputaram o pr&ecirc;mio, trazendo ao p&uacute;blico uma vis&atilde;o instigante e acolhedora sobre a moda destes tempos de ensaio de recome&ccedil;o. Em primeiro lugar, Guilherme Dutra (@oguilhermedutra), da Faculdade Santa Marcelina (SP), conquistou o j&uacute;ri por seu acabamento impec&aacute;vel, alfaiataria desconstru&iacute;da e caimentos reinterpretados. A colet&acirc;nea batizada de &ldquo;Ar&ocirc;&rdquo; vem da l&iacute;ngua ioruba e representa a riqueza. &ldquo;Foi uma forma de honrar todos os negros da hist&oacute;ria, de resgatar a minha ancestralidade e a minha heran&ccedil;a cultural&rdquo;, disse. Na vice-lideran&ccedil;a, o sul-mato-grossense Wender (@wenderneves), da FACEC-PR, mergulhou na hist&oacute;ria de Cianorte (cidade ao Norte do Paran&aacute;), emoldurada por jardins singulares, para moldar roupas volum&eacute;tricas em tonalidades sacadas das antigas fazendas de caf&eacute;, sempre com a preocupa&ccedil;&atilde;o de utilizar m&atilde;o de obra regional e contribuir para fortalecer o sistema de economia circular. Aqui cabe um adendo, j&aacute; que o desfile da tag do mo&ccedil;o, &ldquo;WNDR&rdquo;, foi na quinta-feira, dia 7 de julho &ndash; e entre as news da Maison Valentino (que descortinou o seu enredo dia 9 de julho) h&aacute; uma pe&ccedil;a t&atilde;o parecida com a de Wender que comprova que o rapaz j&aacute; est&aacute; fazendo moda de gente grande. O p&oacute;dio foi finalizado por Christian Sato (@christiansato), aluno da Belas Artes (SP), que trouxe uma releitura &agrave; la Blade Runner, que uniu o underground do Sex Pistols ao cyborg emprestado da fic&ccedil;&atilde;o cient&iacute;fica. Em suas crias, a multifun&ccedil;&atilde;o foi reconfigurada para dar liga &agrave;s constru&ccedil;&otilde;es t&ecirc;xteis inspiradas na t&eacute;cnica &ldquo;Boro&rdquo;, um processo japon&ecirc;s que tem o algod&atilde;o em sua base e sobrep&otilde;e remendos de uma forma que o produto final esbanje funcionalidade. Ao que tudo indica, a safra atual promete deixar a moda brasuca muito menos mon&oacute;tona. &Eacute; isso o que a gente quer ver!

Guilherme Dutra

WNDR

Christian Sato

Casa de Criadores colabora com Sou de Algodão em 50a edição

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