Em Harvard pela primeira vez, artista pl&aacute;stico Eduardo Kobra abordou o papel da arte de rua para a transforma&ccedil;&atilde;o de espa&ccedil;os urbanos e falou com L&rsquo;Officiel Hommes. &nbsp;

<a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/rick-owens-entrevista-exclusiva-l-officiel-brasil">Eduardo Kobra,</a> um dos maiores <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/larissa-manoela-em-entrevista-exclusiva-para-a-l-officiel-brasil">artistas plasticos</a> do mundo, palestrou no Brazil Conference, em Harvard &amp; MIT recentemente. O <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/esse-menino-em-entrevista-exclusiva-para-l-officiel">artista</a> falou sobre o tema "Murais que protestam e transformam" e abordou como a arte de rua pode transformar espa&ccedil;os urbanos e provocar reflex&otilde;es sociais.
Realizado anualmente desde 2015 por estudantes, pesquisadores e professores brasileiros, o evento promove debates sobre temas diversos como ci&ecirc;ncia, pol&iacute;tica, economia, cultura, entre outros. O encontro tem como objetivo proporcionar conex&otilde;es e fomentar mudan&ccedil;as positivas para o Brasil. A iniciativa vai de encontro ao trabalho de Kobra em prol da valoriza&ccedil;&atilde;o da arte e da educa&ccedil;&atilde;o.
<a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/marlon-teixeira-em-entrevista-exclusiva-para-l-officiel-hommes">Kobra</a> tem murais espalhados por cerca de 40 pa&iacute;ses, em cinco continentes. Entre seus grandes feitos, est&atilde;o dois recordes globais registrados pelo Guinness Book: em 2016, ele fez &lsquo;Etnias&rsquo;, no Rio, ent&atilde;o o maior mural grafitado do mundo, com 2,5 mil metros quadrados; no ano seguinte, superou a si pr&oacute;prio com uma obra de quase 6 mil metros quadrados no interior de S&atilde;o Paulo. Em 2018, ele pintou de forma quase simult&acirc;nea 19 murais em Nova York, celeiro mundial da street art. O projeto, batizado de &ldquo;Cores pela Liberdade&rdquo;, teve imensa repercuss&atilde;o e fez com que o artista brasileiro fosse nomeado personalidade do ano pela prestigiada revista cultural Time Out. Somente nos Estados Unidos, ele pintou mais de 50 murais.

O que a oportunidade de palestrar em Harvard significa para voc&ecirc;?

Estamos falando de uma universidade que formou oito presidentes americanos e tem mais de 160 ganhadores do Pr&ecirc;mio Nobel. Harvard &eacute; a universidade n&uacute;mero um do mundo. Tudo isso &eacute; relevante, principalmente, no sentido de que eu sou um artista formado pelas ruas. Ou seja, aprendi tudo na pr&aacute;tica, na batalha, na resili&ecirc;ncia, na for&ccedil;a e na coragem, enfrentando todo e qualquer tipo de dificuldade. Essa &eacute; uma porta que se abriu que &eacute; impressionante por esse sentido, principalmente, por eu ser autodidata e ter estudado at&eacute; o terceiro colegial. Vejo o quanto valeu a pena me esfor&ccedil;ar e seguir a minha intui&ccedil;&atilde;o e o meu cora&ccedil;&atilde;o. &Eacute; uma porta que Deus abriu para mim assim como todas as outras na minha vida. Ent&atilde;o, percebo que o ponto de ser autodidata &eacute; muito relativo, porque passei grande parte da minha trajet&oacute;ria estudando dentro de livrarias, bibliotecas e museus e conversando com historiadores e pesquisadores.

Quais foram os tr&ecirc;s momentos mais marcantes da sua carreira?&nbsp;

A minha trajet&oacute;ria aconteceu de uma forma natural, org&acirc;nica e espont&acirc;nea, mas sempre com muito foco, emo&ccedil;&atilde;o, entrega e imers&atilde;o. Alguns momentos no in&iacute;cio da carreira me marcaram muito, como a dificuldade e a desaprova&ccedil;&atilde;o, tanto da escola como da fam&iacute;lia, das ruas e dos artistas. A segunda situa&ccedil;&atilde;o importante foi quando levantei a cabe&ccedil;a e, sem pensar no complexo de inferioridade, fui para cima. Esse momento marca a cria&ccedil;&atilde;o do meu estilo, do meu prop&oacute;sito e das minhas mensagens. Quando comecei a pintar com o meu pr&oacute;prio pincel, as portas no mundo todo se abriram e o meu trabalho passou a ter uma identidade objetiva. Passei a fazer parte da minha obra, que &eacute; uma extens&atilde;o daquilo que sou. O terceiro momento &eacute; a atualidade, em que tive que me cercar de pessoas com conhecimentos dos quais n&atilde;o tenho para poder atender uma demanda internacional, em cerca de 40 pa&iacute;ses e com possibilidade de extens&atilde;o. Desenvolvi trabalhos important&iacute;ssimos como pinturas nas fachadas da ONU e do World Trade Center, em Nova York, e murais na &Aacute;frica, na &Iacute;ndia e em v&aacute;rios pa&iacute;ses da Europa. Realizei exposi&ccedil;&otilde;es em museus e galerias de arte ao redor do mundo. E, recentemente, tenho me dedicado tamb&eacute;m &agrave; cria&ccedil;&atilde;o do Instituto Kobra, voltado a promover a transforma&ccedil;&atilde;o social por meio da arte.

Qual &eacute; a import&acirc;ncia da arte de rua para a transforma&ccedil;&atilde;o de espa&ccedil;os urbanos?&nbsp;

Uma cidade inteligente precisa ter arte p&uacute;blica. Quando melhoram as ruas, o transporte e a vida do cidad&atilde;o, as pessoas t&ecirc;m mais tempo para contemplar as obras e o espa&ccedil;o p&uacute;blico melhora, assim como a vida do artista e da popula&ccedil;&atilde;o. As pessoas enfrentam tr&acirc;nsito, polui&ccedil;&atilde;o e viol&ecirc;ncia exagerada. Ent&atilde;o, transformar as ruas em uma galeria de arte a c&eacute;u aberto se tornou muito relevante para os tempos modernos. E quanto mais arte tiver nas ruas, melhor para a vida das pessoas e tamb&eacute;m para quem n&atilde;o t&ecirc;m acesso a museus e galerias. &Eacute; uma forma de arte muito democr&aacute;tica e que transforma as cidades.

Como voc&ecirc; enxerga o futuro da arte urbana no Brasil e no mundo?

Em rela&ccedil;&atilde;o ao meu trabalho, sigo me esfor&ccedil;ando, me dedicando, acreditando com perseveran&ccedil;a e buscando evoluir. Acredito que a arte passa por fases e movimentos. Temos a Street Art como um dos movimentos mais importantes hoje no mundo. O Brasil desponta como um dos pa&iacute;ses mais importantes nesse segmento, alcan&ccedil;ando galerias e colecionadores no mundo todo. A arte segue o seu fluxo natural, passando por etapas, e em crescimento perp&eacute;tuo.

Eduardo Kobra fala com L’Officiel Hommes Brasil

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