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        <p><span>Siton Franco n&atilde;o para de criar obras significativas e que levaram &agrave;s reflex&otilde;es profundas</span></p>
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        <p><span>Nome estelar das artes plásticas, <strong><a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/l-officiel-hommes-brasil-saiba-todos-os-destaques-da-nova-edicao">Siron Franco</a></strong> está prestes a completar 76 anos, mas não para de produzir a sua arte engajada que, há cinco décadas, denuncia o Brasil injusto dos anônimos. Em maio deste ano, ele abre duas exposições, na Galeria Cerrado, em Goiânia, seu estado natal e onde tem estúdio, e no Centro Cultural <strong><a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/palacio-da-alvorado-faca-um-tour-pelo-interior-da-residencia">Oscar Niemeyer</a></strong>, em Curitiba. Mas a maior repercussão veio de &ldquo;Santo Graal&rdquo;, título de sua mais recente escultura pública, inaugurada no centro de Brasília, na Praça Zumbi dos Palmares, por ocasião do Dia Mundial da Água (comemorado em 21 de março). A obra traz ao centro uma única garrafa de vidro de água, que expressa um forte simbolismo: &ldquo;Dois bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à água potável, depois que li isso, surgiu essa ideia&rdquo;, diz. Como sinal de alerta vital, está nos planos do artista remontá-la em várias capitais do País. </span></p>
        <p><span>O finado crítico de artes e poeta Ferreira Gullar afirmou no documentário &ldquo;Siron. Tempo Sobre Tela&rdquo;, (2019), que o amigo era &ldquo;o maior pintor brasileiro em atividade&rdquo;. Desde 1974, Franco testemunha o seu eclético vocabulário estético, impregnado de </span><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; font-weight: inherit; letter-spacing: 0px;">causas sociais, sendo disputado pelo mais alto nicho do mercado de arte nacional (atualmente, ele integra o portfólio da Almeida &amp; Dale Galeria de Arte). &ldquo;Faço algo que nem eu mesmo posso comprar&rdquo;, confessa no vídeo.</span></p>
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        <p><span>Em 1997, o nada ortodoxo Siron Franco, que teve um insight quando menino de que seria pintor, criou uma tela com alimentos da dieta nacional (grãos de arroz, feijão, milho, etc.) retratando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho (1935-1997). Ela virou capa da revista Veja e ainda representou a campanha nacional contra a fome, pela qual Betinho tanto lutou. Contudo, o conjunto de obras mais conhecido é o que manifesta a sua indignação com o acidente radioativo do Césio-137, ocorrido em Goiânia, em 1987, descaso que acabou matando quatro pessoas e contaminou outras centenas. A série acabou dando uma guinada na carreira do artista, e inflamou mais ainda os seus questionamentos sociais, produzindo outras tantas obras viscerais sobre temas como direitos civis, problemas ecológicos e o genocídio de comunidades indígenas. </span></p>
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Foto: Romulo Fialdini

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      <div class="column">
        <p><strong>L&rsquo;OFFICIEL HOMMES: Os temas de suas obras são psicológicos, pesados, de denúncia ou injustiça social. Você já chorou diante de uma obra sua? </strong></p>
        <p><span><strong>SIRON FRANCO:</strong> </span><span>Já chorei várias vezes diante dos fatos que me levaram a compor uma obra. Não diante da obra em si. </span></p>
        <p><strong>L&rsquo;OFF: De onde brota a sua inspiração?</strong></p>
        <p><span><strong>SF:</strong> </span><span>Muito cedo, lembro-me de ficar deslumbrado com as coisas do mundo. Olhava muito para o céu, para a natureza e para o que me instigava. Tive a sorte de ter pai e mãe que me ensinaram a amar a natureza e, por ela, sinto-me provocado dia após dia.</span></p>
        <p><strong><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">L&rsquo;OFF: </span><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Dizem que você foi morador de rua em Goiânia. É verdade?</span></strong></p>
        <p><span><strong>SF:</strong> </span><span>Isso é um grande equívoco. Quando me perguntavam onde eu morava, respondia na rua 74, esquina com a 57. Foi na rua 57 que ocorreu o acidente radiológico com o Césio-137, onde abriram a cápsula que contaminou várias pessoas e acabou em tragédia. Então, o fato de falar que morava na rua tal, esquina da rua tal, o que é costume na minha cidade, levou as pessoas de fora a imaginarem que eu pudesse ter sido morador de rua. Felizmente, nunca fui sem teto. Quando morei em Londres, no ano 2000, realizei uma série de entrevistas com moradores de rua, os homeless, foi muito interessante e tocante também.</span></p>
        <p><strong><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">L&rsquo;OFF: </span><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Qual é o maior desafio que você enfrenta como artista?</span></strong></p>
        <p><span><strong>SF:</strong> </span><span>Um grande desafio &ndash; não só meu, mas das pessoas sensíveis, comprometidas com as pautas contemporâneas &ndash; é lutar contra as imensas desigualdades sociais, contra as enormes barreiras que vetam o acesso de milhões de seres humanos a uma existência digna, com alimentação saudável, cultura e educação de qualidade. O desafio é o mundo como se apresenta, sobretudo esse Brasil polarizado politicamente. A intolerância cresce a passos largos entre os brasileiros. Isso é ruim. As radicalizações são nefastas.</span></p>
        <p><strong><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">L&rsquo;OFF: </span><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Qual é o melhor conselho que já recebeu em relação à sua arte?</span></strong></p>
        <p><span><strong>SF:</strong> </span><span>&ldquo;Meu filho, deixe disso. Vá procurar outra coisa, porque você não tem o menor talento para a pintura. Se você for trabalhar com arte, vai morrer de fome&rdquo;. E a minha resposta foi: &ldquo;Eu como pouco, senhor&rdquo;. </span></p>
      </div>
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      <div class="column">
        <p><strong>L&rsquo;OFF: </strong><span><strong>O que você diria aos jovens de baixa renda, como você foi, que têm a arte cravada na alma e sonham serem artistas?</strong></span></p>
        <p><strong>SF: </strong><span>Bem, em primeiro lugar, eu sugeriria &ndash; apesar de crer que um conselho que valha para uma pessoa possa não valer para outra, que é importante ter disciplina e perseverança para buscar sempre por mais cultura. Depois disso, diria que é preciso adquirir o próprio material para começar a produzir. É o exercício da arte, somado ao acúmulo de conhecimento, que nos conduzem a um aprimoramento técnico e a uma linguagem própria.</span></p>
        <p><strong><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">L&rsquo;OFF </span><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">Quem são alguns dos artistas que você admira?</span></strong></p>
        <p><span><strong>SF:</strong> </span><span>Comecei a ler sobre arte muito cedo e percebi que no mundo inteiro, em todos os períodos da história, há artistas que criaram coisas incríveis: Anselm Kiefer, Anish Kapoor, por exemplo. Aqui no Brasil, há dezenas: Cildo Meireles, Tunga, Nelson Félix, Daniel Senise. Poderia passar a tarde citando artistas que me tocam. Sou eclético, gosto tanto de um Max Bill, quanto das cerâmicas do Mestre Vitalino, grande artista popular do Nordeste.</span></p>
        <p><strong style="letter-spacing: 0px;">L&rsquo;OFF: </strong><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; font-weight: inherit; letter-spacing: 0px;"><strong>Sobre o seu legado, como gostaria de ser lembrado?</strong></span></p>
        <p><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; font-weight: inherit; letter-spacing: 0px;"><strong>SF:</strong> </span><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; font-weight: inherit; letter-spacing: 0px;">Nunca pensei nisso, até porque nunca esperei nada da arte. A arte me impulsiona, me dá vida. Nunca esperei nada da arte e ela acabou me dando tudo: amigos, condições de sobrevivência, oportunidade de ter um grande estúdio para desenvolver o meu trabalho e a chance de visitar países diferentes e de expor as minhas criações em vários lugares do mundo. Só tenho a agradecer. No mais, não sou do tipo que deseja algo para quando eu não puder mais desejar...</span></p>
        <p><strong style="letter-spacing: 0px;">L&rsquo;OFF: </strong><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; font-weight: inherit; letter-spacing: 0px;"><strong>Há algo mais que gostaria de mencionar?</strong></span></p>
        <p><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; font-weight: inherit; letter-spacing: 0px;"><strong>SF:</strong> </span><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; font-weight: inherit; letter-spacing: 0px;">Os pais precisam ouvir mais as crianças e os adolescentes. Os pais falam muito e fecham os ouvidos ao adolescente. Já trabalhei com meninos de rua, vejo o sofrimento, não só em casas de pobres, mas, também, em casas de pessoas muito ricas. Em muitos lares, as crianças e os mais jovens não são percebidos. Isso é muito triste.</span></p>
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<div class="page" title="Page 3" style="text-align: center;"><strong> </strong>
  <div class="layoutArea"><strong> </strong>
    <div class="column"><strong> </strong>
      <p><strong>&ldquo;NÃO SOU do TIPO que DESEJA ALGO para QUANDO <span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">eu </span><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">NÃO PUDER </span><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">mais </span><span style="background-color: transparent; font-family: inherit; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant-ligatures: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">DESEJAR&rdquo;</span></strong></p>
      <strong> </strong>
    </div>
    <strong> </strong>
  </div>
  <strong> </strong>
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Siton Franco desenvolve reflexões na fluidez da água

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