A partir de referências à mãe e às irmãs, Riccardo Tisci celebra as mulheres em sua mais luxuosa coleção para a Burberry

Quando Riccardo Tisci estreou na Burberry, há cerca de três anos, sua primeira ação foi reforçar a conexão da marca com a cultura britânica, principalmente o delicioso tempero da excentricidade. Isso sem abrir mão de valores caros à visão centrada nos movimentos sociais: sustentabilidade e a questão de gênero em paralelo com a determinação feminina. E é esse o tom do inverno 2021, desfilado em formato de filme, no fim de abril. Sua experiência sustenta o processo criativo. &ldquo;Ao longo da minha vida, minha mãe foi essa incrível força da natureza. Como mãe solteira, ela criou a mim e minhas oito irmãs com orgulho e propósito inabaláveis&rdquo;, disse ele no texto sobre a coleção.

Ele conta que o universo dentro de casa moldou sua conduta. &ldquo;Sempre fui atraído por mulheres fortes e, por sua vez, elas também me deram confiança para expressar minha própria feminilidade. Elas não têm medo de desafiar expectativas, e sempre fiquei admirado com sua determinação. São guerreiras&rdquo;,&nbsp;descreve, acrescentando que seu objetivo era tornar o contexto imagético dessa temporada verdadeiramente emblemático do poder da energia feminina, que se estende ao poder da Mãe Natureza. Não deixa de ser simbólico. A Burberry tem DNA masculino, sua peça icônica foi desenvolvida para acompanhar soldados nos campos de batalha. Porém, ao longo do século passado, encontrou espaço no closet feminino.

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Antes do desfile, o diretor criativo exibiu um pequeno documentário do cineasta Marc Isaacs com mulheres falando sobre suas visões de mundo e esperanças para o futuro. Na sequência, a artista britânica Blane Muise, conhecida como Shygirl, recitou uma ode à natureza, criação e eternidade. Estava montada a ambientação para que as garotas Burberry mostrassem os looks que, em breve, estarão nas araras. Um sentimento de fluidez conecta as peças, reinventando a tradição e estimulando a liberdade de expressão. Não à toa, tudo isso molda o que parece ser a coleção que Tisci mais se sentiu confortável para realizar.

Também foi sua temporada mais sofisticada. No lugar do apelo street, entraram estampas e fake fur simulando pelo de raposa, construção de tecido a partir de tiras e recortes, muito dourado e prateado. É, sobretudo, sobre detalhes. Dos óculos que cobrem o nariz à barra da calça moldada como um punho de jaqueta, com destaque para a bota nude. Sexy, sem sombra de vulgaridade.

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A amizade entre Gabrielle e o escritor e cineasta inspira a coleção Cruise 2021/2022 da Chanel

Os desfiles da Chanel são uma costura entre seu passado e o presente. Para a coleção Cruise 2021/2022, essa linha do tempo é amarrada em torno do drama surrealista O Testamento de Orfeu. Nele, além de dirigir, Jean Cocteau encarna um poeta que passa a limpo suas obras e a própria existência, encerrando o ciclo que inclui O Sangue de um Poeta e Orfeu. Cocteau era amigo de Gabrielle Chanel e Virginie Viard é fã do longa-metragem, filmado em 1960, em Carrières de Lumières, no sul da França. O lugar, uma pedreira convertida em espaço para exibições imersivas, virou passarela para uma coleção em preto e branco: as cores preferidas da criadora da grife e também das imagens do filme. Um toque punk dá um tom jovial, enquanto o expressivo índice de 30% dos tecidos ecológicos e reciclados fortalece os esforços sustentáveis da marca francesa.

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Saint Laurent contrasta visual urbano e força da natureza, tweeds e metalizados em nova coleção. 
 
Logo após o desfile inverno 2021, Anthony Vaccarello afirmou que a proposta era confrontar opostos, como as ideias de bom e mau gosto. Neste jogo de extremos que em algum momento se aproximam, ele levou o desfile novamente para uma paisagem que deixasse no ar um sentimento de estranheza: um lugar que não pertence à mulher Saint Laurent. E, ao mesmo tempo, a imagem de pequenez do ser humano diante da grandiosidade e força da natureza.

Se para o verão 2020 ele levou seu casting para o deserto, agora o destino foi uma praia gélida, vulcânica e remota. O resultado teve um tom épico destoando da coleção que remete ao comprimento que é a cara dos 
anos 1960 aliada a referências meio kitsch da década de 1990. Tailleurs clássicos de Yves foram reprocessados, com blazers alcançando até o limite das minissaias e bodysuits metalizados roubando a cena. Cores, texturas e acessórios extravagantes formando um contexto de luxo divertido e rebelde.

Acento feminino: as inspirações das grandes maisons

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