Stefano Pilati volta aos trabalhos à frente da Random Identities, marca própria que mescla gêneros e estéticas embalados pelos beats da capital alemã.

Enquanto voc&ecirc; folheia esta revista, Stefano Pilati volta a seu est&uacute;dio em <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/resort-2020-max-mara-conquista-berlim">Berlim</a>, onde mora desde 2013, e retoma a produ&ccedil;&atilde;o da Random Identities &ndash; interrompida nos &uacute;ltimos meses devido &agrave; pandemia de covid-19. Lan&ccedil;ada em 2018, a marca &eacute; feita para quem n&atilde;o se identifica com tend&ecirc;ncias nem g&ecirc;neros ou temporadas.

Um desafio novo na carreira desse italiano de 55 anos. Pilati pertence a uma gera&ccedil;&atilde;o de estilistas que na primeira d&eacute;cada dos anos 2000 revigorou as tradicionais maisons com muita it-bag, it-girl na primeira fila de superdesfiles e campanhas ic&ocirc;nicas &ndash; para lembrar: al&eacute;m de Pilati na Yves Saint Laurent, a brit&acirc;nica Phoebe Philo fez hist&oacute;ria na C&eacute;line, e o americano Marc Jacobs, na Louis Vuitton. Mesma gera&ccedil;&atilde;o que entrou nos anos 2020 mais focada na pr&oacute;pria marca, onde tem liberdade para fazer um <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/sustentavel-leveza-do-ser-conheca-a-nova-l-officiel-brasil-77">trabalho autoral, sustent&aacute;vel, produzindo menos, mas melhor, e com pre&ccedil;os mais acess&iacute;veis.</a>

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No &uacute;ltimo ano, Pilati apresentou sua Random Identities apenas duas vezes: em janeiro, na Pitti Uomo, em Floren&ccedil;a; e em julho, digitalmente, com o curta-metragem DOMESTIC (between wars). No v&iacute;deo, produzido e filmado no apartamento do estilista, o performer M.J. Harper &ldquo;desfila&rdquo; looks com a mesma atitude vista na It&aacute;lia. N&atilde;o h&aacute; limites entre o feminino e o masculino, o design refinado e a alfaiataria encontram a funcionalidade meio freaky t&iacute;pica da capital alem&atilde;: Berlin Baggies (aka cal&ccedil;as cargo), su&eacute;teres soltos, blazers com ombros e cintura marcados, camisas, saias. Nos p&eacute;s, ankle boots ou Birkenstocks (o estilista tem uma parceria com a marca desde 2019).

Na contram&atilde;o do marketing f&aacute;cil, Pilati n&atilde;o fala sobre sustentabilidade em entrevistas. Nem precisa. Com uma equipe de apenas cinco pessoas e seguindo o pr&oacute;prio cronograma, o processo e o controle sobre materiais utilizados, fornecedores e descarte tornam-se naturalmente mais&hellip; sustent&aacute;veis. Mas, ainda bem, ele fala sobre outros assuntos &ndash; e conversou com L&rsquo;Officiel sobre semanas de moda, g&ecirc;nero, est&eacute;tica e redes sociais.

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L&rsquo;OFFICIEL A Random Identities tem sido, desde o in&iacute;cio, uma marca com um cronograma pr&oacute;prio. Por que voc&ecirc; preferiu sair do calend&aacute;rio oficial?

Stefano Pilati Decidi ficar fora para criar projetos incorporando todos os crit&eacute;rios contempor&acirc;neos, de acordo com meus instintos, m&eacute;todos e processo criativo. E, ent&atilde;o, &eacute; l&oacute;gico seguir um cronograma de &ldquo;apresenta&ccedil;&otilde;es&rdquo; com base no meu tempo.

LO Durante a pandemia, a discuss&atilde;o sobre a relev&acirc;ncia de um calend&aacute;rio fixo de desfiles s&oacute; aumentou. A moda conseguir&aacute; sobreviver sem as semanas de moda?

SP Vejo as semanas de moda como uma oportunidade de neg&oacute;cios. Considero todas interessantes no mesmo n&iacute;vel. E, por si s&oacute;, s&atilde;o uma ferramenta relevante para estabelecer o calend&aacute;rio da marca.

LO A Random Identities est&aacute; geralmente associada &agrave; ideia de pre&ccedil;os acess&iacute;veis e a uma moda sem g&ecirc;nero. Quais s&atilde;o os desafios de trabalhar sob esses conceitos?

SP Esses s&atilde;o os &uacute;nicos desafios interessantes para eu continuar fazendo o trabalho que fa&ccedil;o e que amo profundamente. Desafiar a minha criatividade, a minha marca &ndash; portanto, eu mesmo &ndash; &eacute; uma forma de considerar desafios imaginativos como possibilidades reais.

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LO O futuro &eacute; sem g&ecirc;nero?

SP Ningu&eacute;m sabe o futuro. Eu sei que o meu presente &eacute; sem g&ecirc;nero.

LO Como voc&ecirc; define sua est&eacute;tica?

SP Ela se aprimora a cada dia em tudo o que fa&ccedil;o e me permite visualizar coisas, objetos, roupas, espa&ccedil;os e pessoas sob diferentes perspectivas, propor&ccedil;&otilde;es, fun&ccedil;&otilde;es e padr&otilde;es de beleza. Eu canalizo tudo isso para a minha marca: minha est&eacute;tica hoje &eacute; a Random Identities

LO Quem s&atilde;o seus clientes hoje em dia?

SP A minha clientela &eacute;, no geral, queer, n&atilde;o-bin&aacute;ria, entre 25 e 34 anos, com muito bom gosto e estilo. Eu adoro as identidades aleat&oacute;rias dos meus clientes!

LO Onde s&atilde;o produzidas suas cole&ccedil;&otilde;es?

SP 60% das pe&ccedil;as s&atilde;o &ldquo;made in Italy&rdquo;, os outros 40% s&atilde;o produzidos em diferentes pa&iacute;ses.

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LO Como seu trabalho como designer de moda no mercado de luxo influenciou sua marca independente?

SP 35 anos de experi&ecirc;ncia em um setor s&oacute; pode ser uma s&oacute;lida representa&ccedil;&atilde;o de uma zona de conforto sem desafios (novamente). Para mim, redefinir a minha criatividade em um cen&aacute;rio desconhecido, talvez em um novo mercado, &eacute; vital. Eu acho mais saud&aacute;vel manter a minha criatividade din&acirc;mica

LO A Random Identities foi lan&ccedil;ada via Instagram, mas voc&ecirc; mant&eacute;m sua conta pessoal apenas com um post por vez. Como voc&ecirc; descreveria sua rela&ccedil;&atilde;o com as redes sociais?

SP N&atilde;o sou contra as redes sociais, mas tamb&eacute;m n&atilde;o estou apaixonado. Estou mais concentrado em ser cuidadoso sobre como usar as formas de comunica&ccedil;&atilde;o do que em editar os instrumentos dispon&iacute;veis para fazer publicidade. A m&iacute;dia, como qualquer outra coisa, pode ser uma arma perigosa, mas tamb&eacute;m muito importante para divulgar mensagens, opini&otilde;es, imagens e, em &uacute;ltima an&aacute;lise, positividade. As pessoas, incluindo n&oacute;s mesmos, devem ser justas escolhendo honestamente as ferramentas que decidem utilizar e por qu&ecirc;. Menos publicidade de moda e um pouco de sil&ecirc;ncio podem deixar mais espa&ccedil;o para que a m&iacute;dia cubra &aacute;reas de injusti&ccedil;a. Eu amo a minha moda, mas amo mais a minha comunidade.

LO Voc&ecirc; est&aacute; reabrindo seu est&uacute;dio agora em junho, em Berlim, e voltando ao trabalho. O que podemos esperar?

SP Eu parei as <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/tendencias-night-pos-pandemia">produ&ccedil;&otilde;es devido &agrave; pandemia de covid-19</a>. Nesse per&iacute;odo, tive tempo para repensar e tratar quest&otilde;es de forma a me tornar mais confiante em minhas estrat&eacute;gias futuras. De certa forma, come&ccedil;arei de onde parei, vou retomar o que j&aacute; estava em andamento. O meu plano &eacute; lan&ccedil;ar algo novo antes do fim deste ano e com mais regularidade a partir de 2022.

Criatividade livre: Stefano Pilati fala da sua volta para a marca

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