O que fascina e inspira o designer Marco Tomasetta a encarar o desafio de inovar em uma marca de luxo sem perder a tradi&ccedil;&atilde;o e a eleg&acirc;ncia

&nbsp;&ldquo;Ah, la passione, il amore, tutte le cose, la curiosit&agrave;&hellip;&rdquo;: o que fascina e inspira o designer <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/montblanc-celebra-sua-incomparavel-magnificencia">Marco Tomasetta</a>, diretor criativo da <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/montblanc-um-universo-de-cultura-e-moda-desembarca-em-paris">Montblanc</a>, de encarar o desafio de inovar em uma marca de luxo sem perder a tradi&ccedil;&atilde;o e a eleg&acirc;ncia. Confira!&nbsp;

Paix&atilde;o e curiosidade s&atilde;o os pilares da criatividade para Marco Tomasetta, o diretor criativo da Montblanc. O designer j&aacute; passou por importantes marcas no mercado de moda, como Prada, Louis Vuitton, Chlo&eacute; e Givenchy. Hoje seu desafio na nova casa &eacute; criar um momento in&eacute;dito para as cole&ccedil;&otilde;es de couro da Montblanc buscando redirecionar a marca e aproxim&aacute;-la do mercado feminino. Com uma proposta unissex, a linha lan&ccedil;ada em setembro de 2023 tem um ar ousado, mas sem perder o DNA da grife.

&ldquo;Eu n&atilde;o estou mudando radicalmente a marca ou a forma como falamos dela&rdquo;, diz Tomasetta durante a nossa entrevista no hotel The Ned, em Nova York, poucas horas antes do evento da semana de moda, em um dos dias mais quentes do ano. Despojado, vestindo uma camiseta preta, cal&ccedil;a branca e acess&oacute;rios muito bem curados, finalizando o look com o bon&eacute; preto da Prada, se arriscava entre ingl&ecirc;s e italiano, se fazendo entender de forma clara e calma &ndash; e sempre com la passione. &ldquo;Quero desenhar pe&ccedil;as atemporais, que v&atilde;o ser sempre belas. Sem depender da temporada ou esta&ccedil;&atilde;o&rdquo;, explica. &ldquo;Essa &eacute; na verdade uma grande oportunidade de resistir quando as tend&ecirc;ncias mudam.&rdquo;
Assumir a dire&ccedil;&atilde;o criativa de uma marca t&atilde;o tradicional quanto a Montblanc foi certamente algo intimidador que, no entanto, chegou no momento certo na sua carreira. &ldquo;H&aacute; a coragem, por&eacute;m voc&ecirc; tem que se sentir pronto para aceitar esse tipo de posi&ccedil;&atilde;o quando ela lhe &eacute; oferecida. Se a proposta tivesse vindo em outro momento da minha vida, talvez eu n&atilde;o me sentisse assim. Sei que as experi&ecirc;ncias que eu tive at&eacute; ent&atilde;o me prepararam para chegar aqui com o prop&oacute;sito certo, que &eacute; n&atilde;o desconstruir a marca e sim despertar coisas que s&atilde;o muito nost&aacute;lgicas e que foram esquecidas sobre ela.&rdquo;

Por isso, o primeiro passo de Tomasetta foi mergulhar nos arquivos da Montblanc, desde os designs de diferentes produtos at&eacute; as campanhas publicit&aacute;rias, para entender como a marca se comunicava com seus consumidores. L&aacute;, se deparou com um fato surpreendente: &ldquo;Havia uma mulher na hist&oacute;ria. A feminilidade sempre esteve ali&rdquo;. Ao se encontrar com o passado, p&ocirc;de entender: o que era masculina, de fato, era a dire&ccedil;&atilde;o da marca. No entanto, o seu conceito sempre foi universal. &ldquo;N&atilde;o damos um g&ecirc;nero &agrave; caneta Meisterst&uuml;ck, seja homem ou mulher, jovem ou velho, qualquer um pode escrever. O objeto est&aacute; nas m&atilde;os de pessoas de diferentes ra&ccedil;as, credos, g&ecirc;neros, etnias. A escrita &eacute; uma heran&ccedil;a da humanidade&rdquo;, comenta.

Com isso em mente, quando desenha ou desenvolve sua linha, Tomasetta nunca pensa se este est&aacute; direcionado a homens ou a mulheres. Para ele, os produtos devem ser abrangentes. Seu foco principal &eacute; na qualidade e longevidade de cada pe&ccedil;a. &ldquo;Eu me dei muito bem com a Montblanc, porque &eacute; uma marca rom&acirc;ntica, tradicional e forte ao mesmo tempo. Todo mundo gosta, talvez porque n&atilde;o seja uma especificamente de moda&rdquo;, reflete o designer.&nbsp;
Historicamente, desde seu lan&ccedil;amento em 1906, na Alemanha, ainda com outro nome, a Montblanc somente trabalhava com canetas. O atual nome foi adotado em 1934. No entanto, as outras linhas que hoje comp&otilde;em o mix de produtos, como os acess&oacute;rios, linha de couro e outros artigos de luxo para casa e escrit&oacute;rio, foram adicionados somente nos anos 1970.

O equil&iacute;brio entre a tradi&ccedil;&atilde;o e a inova&ccedil;&atilde;o ao desenvolver as novas cole&ccedil;&otilde;es pode ser dif&iacute;cil de dosar, por isso o olhar para o passado e decidir como falar para o futuro, &eacute; algo essencial, segundo Tomasetta. Certamente a sua experi&ecirc;ncia &agrave; frente de outras marcas do mercado de luxo que tamb&eacute;m contavam com um peso hist&oacute;rico forte, como Givenchy e Louis Vuitton, lan&ccedil;adas em 1952 e 1854, respectivamente, prepararam o designer para enfrentar este novo desafio. &ldquo;O que mais gosto na Montblanc &eacute; poder entrar no arquivo, sentir saudades de certas coisas, de traz&ecirc;-las de volta para os dias de hoje usando a tecnologia. &Eacute; tudo muito natural. N&atilde;o &eacute; um esfor&ccedil;o para mim&rdquo;, afirma.

Por&eacute;m, de fato essa &eacute; a primeira vez em que mulheres est&atilde;o tamb&eacute;m no centro das campanhas publicit&aacute;rias da Montblanc e isso muito tem a ver com o olhar criativo de Tomasetta. &ldquo;Talvez seja essa liberdade e beleza que tenho de me comunicar com a criatividade. E posso expressar por meio das campanhas que se tornaram mais suaves, mais doces. E isso, na minha opini&atilde;o, convida naturalmente as mulheres&rdquo;, fala. A narrativa proposta &eacute; um di&aacute;logo universal, de pessoas se conectando e se conhecendo de verdade.&nbsp;
Tomasetta atribui sua criatividade e seu olhar &uacute;nico ao exerc&iacute;cio de sempre manter sua mente infantil, no sentido de ser cheia de possibilidades e em busca de divers&atilde;o. &ldquo;Todo ser criativo tem que ser um pouco piccolo. A criatividade deve ter esse deslanche&rdquo;, explica. &ldquo;N&atilde;o gosto do mundo dos adultos, prefiro ser como as crian&ccedil;as. Elas s&atilde;o mais criativas, pois n&atilde;o t&ecirc;m os limites dos adultos.&rdquo;

Cin&eacute;filo de carteirinha, compara cada uma das marcas que j&aacute; trabalhou a um diretor de cinema. Prada o remetia &agrave;s obras de Michelangelo Antonioni, o renomado diretor italiano mais ativo nas d&eacute;cadas de 1940, 1950 e 1960. J&aacute; a Montblanc lhe lembra o estilo de Alfred Hitchcock, o grande diretor brit&acirc;nico que revolucionou o g&ecirc;nero de terror e suspense. &ldquo;H&aacute; algo elegante em seus filmes. Tamb&eacute;m a forma como os homens s&atilde;o representados. O ritualismo e a aten&ccedil;&atilde;o aos objetos, como ele focava com a c&acirc;mera neles&rdquo;, compara. &ldquo;Se Hitchcock ainda estivesse aqui, seria incr&iacute;vel interpretar a marca com ele.&rdquo;

Designer Marco Tomasetta: inovar uma marca de luxo com tradição

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