Uma semana depois de fotografar o ensaio de capa para a nossa edição de abril, a atriz Taís Araújo entrou em quarentena e se isolou em sua casa, com seu marido Lázaro Ramos e seus dois filhos. A seguir, ela fala com exclusividade sobre esse momento inédito e tão cheio de angústias e apreensões

L&rsquo;OFFICIEL Como est&aacute; a sua rotina em tempos de isolamento social?

TA&Iacute;S ARA&Uacute;JO Est&aacute; uma rotina pesada de trabalho. Moro em uma casa grande e todos os funcion&aacute;rios foram liberados. Estamos, eu e L&aacute;zaro, dando conta da casa toda e mais das crian&ccedil;as, que est&atilde;o tendo aula online. Mas estamos sobrevivendo e agradecemos todo dia: acordamos com sa&uacute;de e a gente entende que somos absolutamente privilegiados porque temos um teto, temos uma casa, temos onde ficar. Temos como nos abastecer de comida. Quando a gente olha para o Brasil inteiro e v&ecirc; que a situa&ccedil;&atilde;o das pessoas &eacute; muito prec&aacute;ria &ndash; muita gente em situa&ccedil;&atilde;o de vulnerabilidade &ndash;, a gente agradece, entende o nosso lugar de privil&eacute;gio e procura saber o que pode fazer para melhorar a vida dos outros. &Eacute; um exerc&iacute;cio que temos feito, pensado e agido, dentro do poss&iacute;vel, j&aacute; que n&atilde;o d&aacute; para sair de casa.

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L&rsquo;OFFICIEL Como est&aacute; a sua vida e da sua fam&iacute;lia?

TA A vida do meu n&uacute;cleo familiar est&aacute; bastante tranquilo. Estamos juntos n&oacute;s quatro dentro de casa. E isso faz com que a gente tenha chance de fazer uma coisa in&eacute;dita, porque sempre trabalhamos muito, eu e o L&aacute;zaro. Estamos direto com os nossos filhos, nos olhando, nos reconhecendo &ndash; porque os filhos v&atilde;o crescendo e v&atilde;o criando suas maneiras de lidar com as coisas... Tem sido uma experi&ecirc;ncia interessante e importante. Meus pais s&atilde;o separados, mas minha m&atilde;e &eacute; generosa e eu e minha irm&atilde; pedimos que papai ficasse na casa dela. Isso me deixa mais tranquila, porque os dois est&atilde;o juntos. Isolamento total de um idoso me deixa muito preocupada. Assim, eles t&ecirc;m coisa para fazer juntos, como assistir a um filme &ndash; ou at&eacute; brigar (risos). E isso me deixa com o cora&ccedil;&atilde;o mais calmo. Estamos assim: um dia de cada vez.

Taís Araújo

L&rsquo;OFFICIEL Conte para a gente cinco coisas que aprendeu durante a quarentena.

TA Tanta coisa! Vamos come&ccedil;ar pelas subjetivas. Aprendi o que de fato &eacute; o simples, de como viver na simplicidade &eacute; importante (o filho chama e ela interrompe o &aacute;udio). Tenho aprendido o quanto a gente n&atilde;o precisa de muita coisa para viver. E estou me certificando de o quanto o outro &eacute; importante e fundamental para a nossa sobreviv&ecirc;ncia, do quanto a sociedade funciona como um elo. Estamos todos ligados uns aos outros independente de posi&ccedil;&atilde;o, origem, credo ou ideologia pol&iacute;tica. H&aacute; uma liga&ccedil;&atilde;o entre todos n&oacute;s. Tamb&eacute;m aprendi a brincar de boneca &ndash; constru&iacute; uma casa de v&aacute;rios c&ocirc;modos com caixas de sapato para a minha filha, aprendi a ser um pouco professora, porque tenho feito trabalhos com eles... Aprendi ainda a fazer coisas da casa que nunca tinha feito por v&aacute;rios motivos &ndash; um deles &eacute; que trabalho desde 13 anos &ndash;, e aprendi que sa&uacute;de &eacute; o que h&aacute; de fundamental nessa vida, al&eacute;m de afeto e preocupa&ccedil;&atilde;o com o outro.

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L&rsquo;OFFICIEL Como imagina que o mundo vai se reorganizar depois da pandemia?

TA Eu acho que a gente vai mesmo se organizar com a simplicidade e entender que um est&aacute; ligado ao outro. &Eacute; um olhar otimista que eu tenho para o final disso tudo. Triste ter que perder tantas vidas para isso, mas acho que vamos nos tornar uma sociedade mais fraterna e igualit&aacute;ria.

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L&rsquo;OFFICIEL Muito se discute sobre a necessidade do isolamento social X a quebradeira da economia se todos pararem. Qual sua opini&atilde;o a respeito?

TA A minha opini&atilde;o &eacute; que as vidas t&ecirc;m que ser salvas. Isso &eacute; o principal. A economia quebrar &eacute; bastante s&eacute;rio tamb&eacute;m, mas os governos precisam ter um pensamento n&atilde;o s&oacute; capitalista mas humanista e inteligente, de articula&ccedil;&atilde;o, de como reorganizar essa sociedade e n&atilde;o permitir a quebradeira. A&iacute; &eacute; plano de economia, n&atilde;o diz respeito a mim. Mas tenho certeza que existe uma sa&iacute;da e que envolve boa vontade de todas as partes. O objetivo humanit&aacute;rio &eacute; o foco.

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L&rsquo;OFFICIEL Como mant&eacute;m a sa&uacute;de f&iacute;sica e mental em casa?

TA Fazendo trabalho dentro de casa (rs). Em algum momento, vou ter que me organizar, dentro das possibilidades das fun&ccedil;&otilde;es da casa e das crian&ccedil;as, para fazer alguma gin&aacute;stica. Mas ainda n&atilde;o tive esse tempo. N&atilde;o quero atropelar as coisas. Estou me dando esse tempo. &Eacute; momento de parar, entender o que est&aacute; acontecendo e ir no meu tempo.

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L&rsquo;OFFICIEL Quais os maiores desafios?

TA O maior &eacute; conseguir preservar vidas. E ele n&atilde;o &eacute; um desafio meu, mas de todo mundo. Entendo que muita gente est&aacute; no front e n&atilde;o pode n&atilde;o ir trabalhar. Minha irm&atilde; &eacute; uma dessas &ndash; ela &eacute; m&eacute;dica. Temos que entender que quem pode parar tem que parar, vibrar positivamente. O Brasil ainda vai entender o que isso vai virar, a coisa ainda vai piorar. A gente vai ter que acalmar o cora&ccedil;&atilde;o e entender o que fazer, definitivamente. &Eacute; um momento de ang&uacute;stia e apreens&atilde;o mas tamb&eacute;m de novos pensamentos, conceitos e lideran&ccedil;as. Momento de transforma&ccedil;&atilde;o.

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O amor nos tempos do coronavírus: nossa capa Taís Araújo fala sobre esse momento inédito

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