PFW 2024: Gustavo Silvestre se destaca com Kevin Germanier e a Eudora, elevando a moda brasileira. Em entrevista para a L'officiel Brasil, o estilista revela os bastidores dessa collab &uacute;nica

Gustavo Silvestre, estilista brasileiro natural de Recife, &eacute; reconhecido por sua versatilidade e inova&ccedil;&atilde;o no mundo da moda. Al&eacute;m de designer, artista e artes&atilde;o, ele tamb&eacute;m &eacute; um educador p&oacute;s-graduado em artes manuais e tem se destacado com seu <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/casa-de-criadores-ponto-firme-desfila-no-edificio-copan">projeto Ponto Firme</a>, que traz o croch&ecirc; para novos territ&oacute;rios, inclusive para detentos da Penitenci&aacute;ria Adriano Marrey, em Guarulhos, S&atilde;o Paulo.
Gustavo brilhou na Paris Fashion Week de 2023 em colabora&ccedil;&atilde;o com Kevin Germanier. Em 2024, o estilista brasileiro permaneceu colaborando com Kevin e renovou o sucesso com novas cria&ccedil;&otilde;es em parceria com a Eudora, elevando os padr&otilde;es da moda contempor&acirc;nea e ressignificando materiais regionais. Sem contar que a convite da Eudora, o estilista brasileiro assinou o vestido usado e preparado exclusivamente para modelo Rita Carreira que foi um dos destaques na primeira fileira do desfile da marca Germanier em Paris e o ponto alto do tributo &agrave; eleg&acirc;ncia brasileira.

Rita Carreira e Gustavo Silveira (Foto: Matheus Coutinho)

Gustavo Silvestre contou alguns detalhes exclusivos para a L&rsquo;officiel Brasil e compartilhou momentos emocionantes sobre essa collab, destacando a import&acirc;ncia de unir a moda &agrave; inclus&atilde;o social e &agrave; valoriza&ccedil;&atilde;o da cultura brasileira em um cen&aacute;rio internacional t&atilde;o prestigioso como a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/destaques-semana-de-moda-masculina-paris">Paris Fashion Week 2024</a>.

Rita Carreira (Foto: Matheus Coutinho)

Gustavo, como foi a sensa&ccedil;&atilde;o de ver sua moda brasileira desfilando em Paris pela quarta vez? Deve ser uma emo&ccedil;&atilde;o incr&iacute;vel, j&aacute; que nenhuma &eacute; igual a outra n&eacute;? O que teve de especial dessa vez?
&Eacute; uma emo&ccedil;&atilde;o e um desafio pois nossa inten&ccedil;&atilde;o sempre &eacute; inovar e apresentar novos usos de materiais, novas perspectivas e novas possibilidades a partir de uma t&eacute;cnica ancestral que &eacute; o croch&ecirc;. Apresentamos pe&ccedil;as totalmente in&eacute;ditas pensadas em Paris pelo Kevin Germanier e em S&atilde;o Paulo por mim e pela equipe de artes&atilde;s do Projeto Ponto Firme. N&oacute;s estamos apresentando um m&eacute;todo de trabalho pioneiro neste tipo de colabora&ccedil;&atilde;o internacional.
Conta para a gente, como foi a experi&ecirc;ncia de criar acess&oacute;rios e sapatos misturando croch&ecirc; com paet&ecirc; e outros materiais exclusivos para os looks do Kevin Germanier?
&Eacute; sempre uma experi&ecirc;ncia que envolve anos de pesquisa de materiais, muitos testes e tamb&eacute;m a troca com o Germanier para criarmos algo totalmente novo.
O que te inspirou a criar essa cole&ccedil;&atilde;o em parceria com a Eudora, valorizando a brasilidade e ressignificando materiais regionais de forma criativa?
Quando o Kevin nos disse que o tema da cole&ccedil;&atilde;o era &ldquo;As espinhosas&rdquo;, foi nosso ponto de partida para pesquisar materiais, pontos, t&eacute;cnicas e assim poder desenvolver algo que dialogasse de forma consistente dentro da cole&ccedil;&atilde;o. A partir da&iacute;, contar com o apoio da Eudora foi fundamental para refor&ccedil;armos a identidade e talento da moda brasileira na semana de moda mais importante e tradicional do mundo.

E sobre o vestido exclusivo para a Rita Carreira, como foi o processo de cria&ccedil;&atilde;o dessa pe&ccedil;a complexa e tridimensional que captura a luz e homenageia a cidade? Ela participou de alguma etapa?
O vestido da Rita foi desenvolvido a partir de res&iacute;duos t&ecirc;xteis da primeira cole&ccedil;&atilde;o apresentada pelo Germanier em Paris. A partir da&iacute; entramos com o croch&ecirc; para dar vida nova a esse material. Acima de tudo &eacute; uma pe&ccedil;a sustent&aacute;vel e totalmente exclusiva, fruto da collab com o Kevin. Todos os elementos e materiais presentes no look s&atilde;o muito caracter&iacute;sticos do trabalho tanto do Kevin quanto do meu.
Pode nos contar um pouco mais sobre o projeto Ponto Firme e como ele tem impactado a vida das mulheres envolvidas, desde imigrantes at&eacute; pessoas em situa&ccedil;&atilde;o de vulnerabilidade social?
O Projeto Ponto Firme surgiu a partir de uma iniciativa volunt&aacute;ria, foi encontrado no croch&ecirc; uma forma de ressignificar meu trabalho com a moda e a arte. Descobri que a t&eacute;cnica poderia ser tamb&eacute;m uma ferramenta de educa&ccedil;&atilde;o tendo como referencial te&oacute;rico autores como os fil&oacute;sofos Gilles Deleuze, Michel Foucault, o iluminista Cesare Beccaria e o educador Paulo Freire. O Brasil ainda possui a terceira maior popula&ccedil;&atilde;o carcer&aacute;ria do mundo com mais de 800 mil presos provis&oacute;rios e nos regimes semiaberto e fechado, segundo o estudo liderado pelo G1, 61% dos presidiarios possuem um perfil majoritariamente negro e 53% da popula&ccedil;&atilde;o brasileira possui uma caracter&iacute;stica dentro da linha da pobreza e desescolarizadas sem contar que metade da popula&ccedil;&atilde;o carcer&aacute;ria n&atilde;o possuir o ensino fundamental completo.
&Eacute; com essa realidade que eu me deparava semanalmente desde que iniciou o Projeto Ponto Firme em 2015. Ofereci uma capacita&ccedil;&atilde;o t&eacute;cnica em moda e artes manuais para detentos da Penitenci&aacute;ria Adriano Marrey em Guarulhos, S&atilde;o Paulo.
Hoje o projeto acontece dentro do ateli&ecirc;-escola Ponto Firme no Centro de S&atilde;o Paulo e tem como objetivo capacitar oferecendo oficinas profissionalizantes para que egressos e pessoas em situa&ccedil;&atilde;o de vulnerabilidade possam se desenvolver e gerar renda por meio das artes manuais.
Como voc&ecirc; enxerga a presen&ccedil;a da moda brasileira em eventos como esse em Paris? &Eacute; uma oportunidade de mostrar a diversidade e criatividade da moda nacional?
Sem d&uacute;vida &eacute; dar &agrave; moda brasileira e ao trabalho artesanal o devido reconhecimento nas passarelas da semana de moda mais tradicional do mundo.

Falando em diversidade, como &eacute; trabalhar com materiais regionais e t&eacute;cnicas artesanais em um contexto de alta costura e moda internacional?
Apesar dos paet&ecirc;s serem materiais que est&atilde;o muito presentes na cultura brasileira em fun&ccedil;&atilde;o do carnaval e festas populares, &eacute; um recurso que est&aacute; dispon&iacute;vel no mundo todo e pode ser aplicado nos mais diversos fins como em pe&ccedil;as exclusivas e luxuosas.
Quando voc&ecirc; est&aacute; criando uma cole&ccedil;&atilde;o, quais s&atilde;o alguns dos elementos mais importantes que voc&ecirc; tem em mente?
O tema da cole&ccedil;&atilde;o &eacute; algo que inspira todo o resto, por&eacute;m a pesquisa de cores e materiais s&atilde;o fundamentais.
Por fim, quais s&atilde;o os pr&oacute;ximos passos para voc&ecirc; ap&oacute;s esse desfile em Paris? Novos projetos, colabora&ccedil;&otilde;es ou quem sabe at&eacute; uma nova passarela internacional?
Apresentar uma nova cole&ccedil;&atilde;o na S&atilde;o Paulo Fashion Week em outubro deste ano e uma nova collab internacional surgindo.

PFW 2024: Gustavo Silvestre redefine a moda com Kevin Germanier

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