Filme dirigido por Sofia Coppola recria os bastidores da vida da ex-esposa de Elvis Presley com figurinos que refletem o relacionamento de um dos casais mais famosos da ind&uacute;stria musical

Uma das estreias mais aguardadas do ano retrata os bastidores da carreira mete&oacute;rica de <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/elvis-presley-confira-as-curiosidades-do-filme-do-rei-do-rock">Elvis Presley</a>. A cinebiografia Priscilla traz a vida do eterno rei do rock a partir do ponto de vista de sua ex-esposa, diferente do musical Elvis, de Baz Luhrmann, lan&ccedil;ado no ano passado. O filme &eacute; uma adapta&ccedil;&atilde;o do livro Elvis e eu, de <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/priscilla-presley-desabafou-sobre-a-morte-da-filha">Priscila Presley</a> e Sandra Harmon, publicado em 1985. A protagonista &eacute; vivida por Cailee Spaenyb e Jacob Elordi, astro da s&eacute;rie Euphoria,&nbsp;interpreta Elvis Presley. A produ&ccedil;&atilde;o &eacute; dirigida pela aclamada <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/os-momentos-mais-fashion-do-cinema-de-sofia-coppola">Sofia Coppola</a> e fez sua estreia mundial no <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/festival-de-cinema-de-veneza-os-melhores-looks-da-edicao">80&ordm; Festival Internacional de Veneza</a> neste ano. O longa-metragem chega aos cinemas brasileiros no pr&oacute;ximo dia 26 de dezembro.
Al&eacute;m dos cen&aacute;rios e dos detalhes pol&ecirc;micos da vida do casal, o filme reconstr&oacute;i figurinos que fizeram parte da rela&ccedil;&atilde;o desde o in&iacute;cio da d&eacute;cada de 1950 at&eacute; 1970.

Documentando o relacionamento de um dos casais mais famosos da ind&uacute;stria fonogr&aacute;fica mundial, o filme adota o ponto de vista de Priscilla para retratar o namoro precoce, pois ela tinha apenas 14 anos, at&eacute; a separa&ccedil;&atilde;o conturbada de Elvis Presley em 1972.
Sofia Coppola contratou Stacey Battat para chefiar o departamento de figurino da produ&ccedil;&atilde;o. &ldquo;&Eacute; uma atividade de tr&ecirc;s pessoas: o ator, eu e Sofia&rdquo;, explicou Battat &agrave; In Style&nbsp;sobre seu processo criativo que considera desde a paleta de cores do filme at&eacute; o percurso narrativo do personagem e seu hist&oacute;rico no enredo. Segundo a W Magazine, a figurinista, que j&aacute; trabalhou em cinco dos oito filmes de Coppola, encomendou mais de 120 looks, incluindo pe&ccedil;as personalizadas da designer americana Anna Sui e da marca Chanel.

Para ela, o desafio de Priscilla era &ldquo;preencher as lacunas&rdquo; dos personagens em momentos pessoais. Apesar de ter uma riqueza de refer&ecirc;ncias culturais, uma vez que Elvis e Priscilla foram um dos casais mais fotografados da d&eacute;cada de 1960, o filme trata em grande parte das suas vidas privadas. &ldquo;Acho que havia algo que era realmente importante para mim: que ele parecesse humano para ela, que n&atilde;o fosse uma figura ic&ocirc;nica em sua casa&rdquo;, disse Battat sobre a constru&ccedil;&atilde;o dos figurinos de Elvis. &ldquo;Mesmo que ele seja grande, o casal compartilha intimidade.&rdquo; Isso significava vestir Jacob Elordi com su&eacute;teres confort&aacute;veis, criados por Valentino, fundamentando Elvis em seu papel de marido e pai, da forma como Priscilla o teria visto. &ldquo;A maneira como algu&eacute;m olharia para voc&ecirc; se te amasse, veria voc&ecirc; de pijama&rdquo;, disse ela.

Em se tratando de Priscila, as roupas s&atilde;o uma quest&atilde;o de evolu&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Priscilla vai dos 14 aos [28 anos]&rdquo;, esclareceu Battat. &ldquo;H&aacute; um percurso nos figurinos e as silhuetas mudam.&rdquo; O filme come&ccedil;a no final da d&eacute;cada de 1950 quando Priscilla ainda morava em uma base militar na Alemanha e era caloura do Ensino M&eacute;dio, e suas roupas refletem essa inoc&ecirc;ncia. &ldquo;Na primeira vez que a vemos, ela realmente parece uma crian&ccedil;a&rdquo;, disse Battat se referindo &agrave;s saias rodadas, sapatos baixos e su&eacute;teres t&iacute;picos da &eacute;poca.

Cailee Spaeny como Priscilla Presley (Foto: Reprodução/ Instagram @priscillathemovie)

Priscilla Presley (Foto: Reprodução/ Instagram @priscillathemovie)

<h1 style="text-align: center;">Amadurecimento</h1>
Ao longo do namoro, que inclui longos per&iacute;odos de solid&atilde;o, Priscilla usa um colar de cora&ccedil;&atilde;o, simbolizando sua vida interior secreta enquanto vagueia entre as aulas e os jantares. Isso foi real&rdquo;, explicou Battat. &ldquo;Na verdade, ela usava um pequeno medalh&atilde;o com um cord&atilde;o de veludo e tinha uma foto do pai dela&rdquo;, detalhou a figurinista.

Caille Spaney como Priscilla Presley (Foto: Reprodução/ Instagram @priscillamovie)

Priscilla Presley (Foto: Reprodução/ Instagram @priscillamovie)

&ldquo;Depois que Priscilla conheceu Elvis, imaginei que ela come&ccedil;ou a usar os sapatos da m&atilde;e em vez dos que tinha&rdquo;, disse Battat. Seu cabelo tamb&eacute;m ficou mais polido, passando de uma franja bagun&ccedil;ada e um rabo de cavalo solto para uma mais arrumada e cachos alisados. A maquiadora Jo-Ann MacNeil acrescentou r&iacute;mel, batom e ruge para a adolescente que antes n&atilde;o usava maquiagem.

Com o passar do tempo, Priscilla amadurece e se casa com Elvis. Ela come&ccedil;a a se vestir como uma mulher adulta &ndash; ou ao menos como o rei do rock achava que as mulheres daquela faixa et&aacute;ria deveriam se vestir. O cabelo &eacute; tingido de preto, as saias ficam mais justas e os saltos mais altos. &ldquo;Elvis a est&aacute; vestindo. Na verdade, as saias ainda t&ecirc;m um pouco de volume no in&iacute;cio, mas, depois, &agrave; medida que avan&ccedil;am, t&ecirc;m menos&rdquo;, explicou a figurinista sobre como transformou a atriz Cailee Spayney. Primeiramente em uma estudante americana e, depois, em um &iacute;cone da moda da &eacute;poca. Os saltos brancos, feitos pelo designer de moda italiano Fabrizio Viti, s&atilde;o onipresentes para retratar o estilo da alta costura da d&eacute;cada de 1960, e mostram como Priscilla amadureceu. &ldquo;No in&iacute;cio dos anos 60, o sapato branco era uma coisa. Todo mundo usava&rdquo;, enfatizou ela.

<h1 style="text-align: center;">Casamento</h1>
Al&eacute;m da mudan&ccedil;a no estilo pessoal de Priscilla, que em grande parte n&atilde;o foi documentada para servir como refer&ecirc;ncia aos profissionais envolvidos na produ&ccedil;&atilde;o do longa, a equipe respons&aacute;vel pelo figurino teve que recriar v&aacute;rios trajes famosos - especialmente o vestido de Priscilla para o seu casamento em 1967. O visual foi imortalizado com uma das fotografias mais ic&ocirc;nicas do casal em um cen&aacute;rio que contava com um bolo de casamento de seis andares. Essas imagens est&atilde;o consagradas na hist&oacute;ria da cultura pop e, por esse motivo, a press&atilde;o na equipa foi intensa. Battat e seu time fizeram todos os esfor&ccedil;os poss&iacute;veis para a recria&ccedil;&atilde;o do momento hist&oacute;rico.

Cailee Spaeny e Jacob Elordi em Priscilla (Foto: Reprodução/ Instagram @priscillamovie)

Priscilla e Elvis Presley (Foto: Reprodução/ Instagram @priscillamovie)

&ldquo;Nosso cen&aacute;rio dos sonhos era que Chanel fizesse o vestido de noiva de Priscilla&rdquo;, diz Battat. &ldquo;[O original] n&atilde;o era Chanel&rdquo;, ela esclareceu, pois a pr&oacute;pria Priscilla comprou seu vestido em uma loja de departamentos para a cerim&ocirc;nia. Sofia Coppola fez algumas liga&ccedil;&otilde;es para vestir a protagonista de Chanel, uma vez que a premiada diretora j&aacute; frequenta semanas de moda h&aacute; algum tempo.

&ldquo;Usamos o vestido original [de Presley] como base de inspira&ccedil;&atilde;o e depois incorporamos elementos modernos&rdquo;, declarou Battat &agrave; W Magazine. A renda intrincada faz uma mistura harmoniosa de padr&otilde;es, al&eacute;m dos acabamentos recortados, requintados e punhos canelados. Como resultado, Battat e sua equipe tiveram uma produ&ccedil;&atilde;o branca bastante similar &agrave; real e proveniente dos arquivos de Virginie Viard, diretora criativa da marca francesa. O uso do vestido at&eacute; rendeu um agradecimento de Sofia Coppola em suas redes sociais. "Obrigado, Virginie Viard e Chanel, pelo lindo vestido de casamento para Priscilla", legendou a cineasta em seu post no Instagram.&nbsp;

Para a ocasi&atilde;o hist&oacute;rica do casal, a figurinista tamb&eacute;m contou com a ajuda de Valentino para o smoking de Elvis Presley. &ldquo;Valentino concordou em fazer aquele terno. Chanel fez o vestido de noiva, e foi um casamento lindo de Chanel e Valentino, al&eacute;m dos dois atores que interpretam Priscilla e Elvis&rdquo;, disse Battat sobre o momento c&ecirc;nico.

<h1 style="text-align: center;">Identidade</h1>
Os detalhes do figurino revelam um dos maiores temas do longa-metragem: a independ&ecirc;ncia crescente de Priscilla &agrave; medida que seu casamento desmorona. Com a aproxima&ccedil;&atilde;o da d&eacute;cada de 1970, a mudan&ccedil;a radical nas tend&ecirc;ncias de moda e beleza tamb&eacute;m refletem os caminhos divergentes do casal, como a cena dramatizada de uma sess&atilde;o fotogr&aacute;fica. Com cabelos escuros mais longos e costeletas, Elvis, morando em sua lend&aacute;ria resid&ecirc;ncia em Las Vegas e com uma est&eacute;tica de terno deslumbrante, est&aacute; sentado em uma cadeira, como um rei em seu trono. Os cabelos, antes armados e densos de Priscilla, relaxam em ondas longas e suaves em um tom marrom mais claro, semelhante ao que adotou quando era adolescente na Alemanha.

Neste ponto da narrativa, as cenas protagonizadas por Cailee Spaeny mostram Priscilla em pe&ccedil;as com estampas ousadas, tecidos leves, cortes mais simples e cabelo mais liso. Um vestido estampado verde desenhado por Anna Sui, usado quando ela chega a Los Angeles sem avisar e com raiva, &eacute; um ato de rebeli&atilde;o, j&aacute; que Elvis odiava estampas.

&ldquo;Voc&ecirc; v&ecirc; algumas dessas fotos [reais] e [Presley] parece muito desconfort&aacute;vel. Voc&ecirc; poderia dizer que ela est&aacute; indo embora&rdquo;, disse Battat sobre o momento vivido pelo casal. &ldquo;A foto real, para mim, era um indicativo de quem eles se tornaram e como se separaram&rdquo;, disse a figurinista. Ajoelhada ao lado de Elvis, Priscilla contrap&otilde;e o terno brilhante e pronto para o palco em um conjunto discreto: um top lil&aacute;s de manga bufante com babados. &ldquo;Acho que isso, para mim, foi muito revelador&rdquo;, disse Battat. &ldquo;Ent&atilde;o, usei muito aquela foto na minha cabe&ccedil;a como refer&ecirc;ncia porque pensei...&eacute; aqui que eles terminam como duas pessoas que est&atilde;o em mundos separados. Ele tem muita maquiagem e toneladas de joias. Eles eram visualmente muito diferentes&rdquo;, esclareceu ela.

A figurinista tamb&eacute;m confessou que n&atilde;o atualizou o arm&aacute;rio real de Priscilla Presley e, em vez disso, confiou em pe&ccedil;as personalizadas e fontes criativas. No entanto, a Priscila da vida real forneceu algumas pistas sobre como as roupas compunham seu estilo de vida com o ent&atilde;o marido. &ldquo;Nenhum deles descia as escadas de casa sem estar totalmente vestido&rdquo;, disse Battat. &ldquo;N&atilde;o existiam cal&ccedil;as de moletom na casa deles. Mesmo quando Elvis vai para a cama, ele vai de pijama completo com o seu nome bordado.&rdquo; A ex-esposa de Elvis Presley compartilhou outros insights de moda da &eacute;poca de seu relacionamento com o astro, como quando ela parou de usar meias e usou os sapatos da m&atilde;e para parecer mais velha quando conheceu o cantor.

Como muitas mulheres da &eacute;poca, Priscila Presley trocou os vestidos justos e os sapatos de salto do in&iacute;cio dos anos sessenta por blusas mais soltas ​​e jeans dos anos setenta. Ela tamb&eacute;m, como muitas mulheres ap&oacute;s a revolu&ccedil;&atilde;o sexual, deixou muitos ressentimentos para tr&aacute;s, incluindo um casamento t&oacute;xico e as expectativas de ficar em casa e n&atilde;o seguir uma carreira. Mesmo que seja aparentemente estranha &ndash; incluindo o brilho da fama pelo Rock and Roll -, a hist&oacute;ria de Priscila tamb&eacute;m &eacute; profundamente familiar e reflete as hist&oacute;rias e as roupas das mulheres de uma era efervescente, turbulenta e sobretudo, libertadora.

Priscilla: cinebiografia traz moda ao som do rock

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