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        <p><em>Tudo junto! A nova moda brasileira n&atilde;o se contenta ativista, mas ativa &mdash; &nbsp;<span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">e </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">coletiva, </span><span style="font-family: inherit; font-size: inherit; font-variant-caps: inherit; letter-spacing: 0px;">para al&eacute;m do discurso vazio</span></em></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Quando <strong>Day Molina</strong> encerrou seu desfile na &uacute;ltima <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/alexei-estreia-casa-de-criadores">Casa de Criadores</a>, em julho, punho para o alto segurando uma bandeira pedindo o fim do genoc&iacute;dio ind&iacute;gena, houve ali um ponto de virada para uma nova cronologia. N&atilde;o isolado nem especialmente inesperado, mas fruto de um movimento que vem se desenhando na jovem produ&ccedil;&atilde;o de moda brasileira h&aacute; tempos e agora &mdash; no retorno do &ldquo;p&oacute;s&rdquo; <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/coreia-do-norte-atribui-responsabilidade-de-covid-a-alienigenas">Covid</a> &mdash; se consolida a ponto de n&atilde;o deixar mais a hist&oacute;ria voltar atr&aacute;s.</span></p>
        <p style="text-align: justify;"><span>Simb&oacute;lica, a estilista da <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/casa-de-criadores-nalimo-da-voz-ao-seu-povo"><strong>Nalimo</strong></a> mostrou que a passarela pertence tamb&eacute;m aos povos nativos desta terra &mdash; que, como ela bem reafirma, sempre tiveram sua est&eacute;tica e sua cultura vampirizadas por criadores brancos, mas nunca foram trazidos para junto. Essa &eacute; a palavra que bem define a movimenta&ccedil;&atilde;o. Day n&atilde;o veio sozinha: da produ&ccedil;&atilde;o de backstage ao casting, juntou guajajaras, guaranis, krenaks, huni kuins, pankararus e tantos outros nomes que a moda sempre ignorou.</span></p>
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        <p style="text-align: justify;"><span>Mais do que fazer justi&ccedil;a reparadora, &eacute; uma nova maneira coletiva de garantir espa&ccedil;os necess&aacute;rios. Para al&eacute;m dos discursos identit&aacute;rios que j&aacute; vinham acontecendo, o esfor&ccedil;o n&atilde;o &eacute; apenas para trazer aten&ccedil;&atilde;o a problem&aacute;ticas estruturais, como o racismo latente. Unindo esfor&ccedil;os, d&aacute; voz por meio de uma reuni&atilde;o de pares a fim de desbaratinar o inevit&aacute;vel esvaziamento de discursos pela m&atilde;o do mercado.</span></p>
        <p style="text-align: justify;"><span>Como todo agente cultural, a moda reflete a realidade em que est&aacute; inserida e &eacute; moldada por ela. Se h&aacute; alguma coisa que os &uacute;ltimos quatro anos nos ensinaram &eacute; que, se n&atilde;o houver uni&atilde;o, a coisa toda vai para o vinagre. Ao mesmo tempo, essa mesma moda pode ser exaustivamente cruel no sistema de concorr&ecirc;ncia que sempre a pautou. Essa nova gera&ccedil;&atilde;o come&ccedil;a a mudar um certo personalismo que sempre foi caracter&iacute;stico nosso e travou muito do potencial da cena nacional nos &uacute;ltimos vinte anos. Ela est&aacute; disposta a dividir o pir&atilde;o, que sabe ser t&atilde;o pouco quanto a farinha.</span></p>
        <p style="text-align: justify;"><span>Naturalmente, Day n&atilde;o est&aacute; s&oacute;. Os povos nativos n&atilde;o s&atilde;o os &uacute;nicos que a sociedade tem sistematicamente esfarrapado. Noutras passarelas, Guma Joana e Pedra representaram a coletividade trans e travesti, aproveitando caminhos abertos antes por Vicenta Perrota &mdash; todas elas se d&atilde;o as m&atilde;os para garantir uma exist&ecirc;ncia pr&oacute;pria dentro de um mundo pautado pela cisgeneridade branca. As pautas tamb&eacute;m se cruzam &mdash; como bem mostrou a baiana Monica Anjos, que deu o mesmo peso ao racismo contra povos pretos e origin&aacute;rios. Ou Da Silva Santos Neves, guri da Para&iacute;ba que trouxe na bagagem uma resistente cena ballroom fora do viciado radar do Sudeste. Fator em comum: a presen&ccedil;a dos corpos dissidentes &ndash; seja pela cor da pele, pela idade, g&ecirc;nero ou orienta&ccedil;&atilde;o sexual.</span></p>
        <p style="text-align: justify;"><span>S&atilde;o todos esfor&ccedil;os e refor&ccedil;os que, na soma de iguais, garantem, atrav&eacute;s da roupa como pol&iacute;tica, uma barreira assertiva contra a caretice contempor&acirc;nea e atr&aacute;s de uma constru&ccedil;&atilde;o. Como bem disse Isaac Silva na entrevista desta edi&ccedil;&atilde;o, todos esses n&uacute;cleos que historicamente sempre foram reprimidos querem t&atilde;o somente a possibilidade de existir e exercitar suas est&eacute;ticas sem que precisemos discutir conflitos, apontar dedos ou encaixar em velhos formatos. O caminho dial&oacute;gico est&aacute; dado, mas ainda n&atilde;o chegamos l&aacute;.</span></p>
        <p style="text-align: justify;"><span>A nova moda &eacute; preta, &eacute; trans, &eacute; ind&iacute;gena, &eacute; tudo. N&atilde;o s&oacute;, mas tamb&eacute;m. Mais do que qualquer coisa, &eacute; genu&iacute;na. E representa um Brasil que sobrevive para al&eacute;m de qualquer manha fashionista. Preste aten&ccedil;&atilde;o.</span></p>
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Moda brasileira: muito além de um discurso fashionista

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