Museu leva o nome do provocativo Yves Saint Laurent, evidenciando sua conex&atilde;o com o feminismo e suas pe&ccedil;as ic&ocirc;nicas

O jovem Yves Saint Laurent tinha uma antena voltada para os movimentos sociais. Em 1966, compreendeu que a moda precisava evoluir e abriu sua butique de pr&ecirc;t-&agrave;-porter independente da Maison de alta-costura. Dois anos depois, em maio, quando Paris virou de cabe&ccedil;a para baixo com as manifesta&ccedil;&otilde;es estudantis e de trabalhadores e as mulheres aderiram ao movimento reivindicando igualdade no mercado de trabalho e direitos sobre seu corpo e seu futuro, o estilista intuiu que tamb&eacute;m era o momento de estender a revolu&ccedil;&atilde;o &agrave;s roupas. Na cole&ccedil;&atilde;o para o inverno, incluiu uma &ldquo;blusa topless&rdquo;, totalmente transparente e usada sem suti&atilde;. Na temporada seguinte, apresentou o &ldquo;vestido nu&rdquo; com corte amplo, feito de chiffon preto com um cinto em plumas de avestruz. Foi sua maneira de mostrar que estava do lado da luta feminina pela liberdade sexual e empoderamento.
Essas duas pe&ccedil;as s&atilde;o itens ic&ocirc;nicos do acervo da exposi&ccedil;&atilde;o Sheer: the Diaphanous Creations of Yves Saint Laurent, que abre no dia 9 de fevereiro no Museu Yves Saint Laurent, em Paris. &Eacute; o segundo cap&iacute;tulo de uma hist&oacute;ria que come&ccedil;ou no ver&atilde;o passado no Museu da Renda e da Moda de Calais. Sob o olhar da curadora Anne Dressen, a mostra se concentra na transpar&ecirc;ncia como uma express&atilde;o art&iacute;stica do estilista franc&ecirc;s, um dos principais nomes da moda no s&eacute;culo 20.

Foi na d&eacute;cada de 1960 que ele come&ccedil;ou a usar materiais como chiffon, renda e tule. E n&atilde;o parou mais, intrigado com o contraste entre tecidos di&aacute;fanos e a fun&ccedil;&atilde;o prim&aacute;ria do vestu&aacute;rio: cobrir, ocultar e proteger o corpo. &ldquo;O importante &eacute; manter a aura de mist&eacute;rio&hellip; Acho que fiz o melhor que pude para a liberta&ccedil;&atilde;o das mulheres. Eu criei roupas que estavam perfeitamente em sintonia com o s&eacute;culo 21&rdquo;, defende o estilista em trecho da biografia escrita pela jornalista Laurence Bena&iuml;m.
Essa complexidade em torno da vestimenta e do conceito de nudez abra&ccedil;a o acervo de Sheer, formado por 40 pe&ccedil;as al&eacute;m de esbo&ccedil;os, fotografias, acess&oacute;rios e uma s&eacute;rie de desenhos de Yves inspirada nas pinturas de Goya. Em di&aacute;logo com essas cria&ccedil;&otilde;es, obras de artistas modernos e contempor&acirc;neos est&atilde;o espalhadas por toda a exposi&ccedil;&atilde;o. H&aacute; desenhos de Anne Bourse, fotos e radiografias experimentais de Man Ray e um trabalho da s&eacute;rie Transpar&ecirc;ncias do pintor Francis Picabia. Tudo isso est&aacute; dividido em cinco sess&otilde;es tem&aacute;ticas. O circuito come&ccedil;a pelas roupas, segue para a vis&atilde;o do corpo revelado atrav&eacute;s das transpar&ecirc;ncias e depois explora o movimento fluido gerado pelos tecidos.

Na sequ&ecirc;ncia, &eacute; poss&iacute;vel apreciar a constru&ccedil;&atilde;o de uma pe&ccedil;a em organdi e, para encerrar, v&aacute;rias silhuetas de noiva com v&eacute;us de tule, seguindo a din&acirc;mica dos desfiles do designer. O conjunto evidencia como o costureiro foi capaz de aproveitar seus conhecimentos e t&eacute;cnicas para imaginar a silhueta de uma mulher empoderada, &agrave;s vezes provocativo, &agrave;s vezes revolucion&aacute;rio. A exposi&ccedil;&atilde;o segue em cartaz at&eacute; 25 de agosto.

Yves Saint Laurent e sua conexão com o feminismo agora em museu

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