Com 20 anos de carreira, Mel Lisboa conta como o reconhecimento e a maturidade ganharam pap&eacute;is principais em sua trajet&oacute;ria depois dos 40

Mel Lisboa esteve a frente do grande p&uacute;blico durante seu desenvolvimento profissional, hoje com a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/jennifer-lawrence-revela-o-motivo-para-pausa-na-carreira">carreira</a> beirando aos 20 anos e em plena maturidade dos 40, a atriz confessa&nbsp;que prefere ser reconhecida a ser conhecida, principalmente quando o assunto &eacute; <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/sandra-oh-diz-que-fama-lhe-deu-insonia-e-dores-nas-costas">fama</a>, &ldquo;fui aprendendo com acertos, com erros, indo para onde me sinto mais confort&aacute;vel&rdquo;.&nbsp;
Muito al&eacute;m de ter sua imagem disposta em diversas plataformas, telas ou palcos, Mel Lisboa carrega em si uma potente voz, n&atilde;o s&oacute; no sentido literal, mas tamb&eacute;m em sua ess&ecirc;ncia enquanto mulher. Categ&oacute;rica quando o assunto &eacute; maturidade, principalmente no trabalho, &ldquo;se passaram mais de 20 anos, eu sou uma mulher de 40 anos, eu tenho dois filhos, ent&atilde;o existe essa maturidade. Mas &eacute; uma maturidade tamb&eacute;m de trabalho, com o ac&uacute;mulo de experi&ecirc;ncias que eu tive nesse tempo&rdquo;.&nbsp;
Ainda esse ano, no segundo semestre, Mel protagoniza dois filmes: Atena, que fala sobre viol&ecirc;ncia contra a mulher, e Foram os Sussurros que me Mataram, sobre uma atriz que se prepara para entrar num reality show, o filme foi todo rodado dentro de um quarto de hotel em um est&uacute;dio. Ambas as tem&aacute;ticas trabalham essa for&ccedil;a feminina e o questionamento de padr&otilde;es sociais, elementos que s&atilde;o parte da vida de Mel.
Em entrevista exclusiva Mel nos conta como foi constuindo sua narrativa durante os anos e como &eacute; viver personagens t&atilde;o fortes.

Foto: Divulgação

L'Officiel Brasil: Com aproximadamente 20 anos de carreira, como foi o processo de amadurecimento enquanto atriz e mulher? O que Mel Lisboa de 40 anos mant&eacute;m como ess&ecirc;ncia do in&iacute;cio da carreira?
Mel Lisboa: Eu costumo dizer que eu prezo pelo amadurecimento, pela aquisi&ccedil;&atilde;o de conhecimento, pela experi&ecirc;ncia, eu acho isso muito importante, e eu valorizo muito, ent&atilde;o hoje eu me sinto mais preparada, mais madura, com mais recursos para trabalhar, para encarar as dificuldades, para conseguir resolver os meus problemas de modo geral, na vida e tamb&eacute;m no trabalho. Mas o que a Mel de 40 mant&eacute;m como ess&ecirc;ncia do in&iacute;cio da carreira, &eacute; uma ess&ecirc;ncia que &eacute; da minha personalidade, que eu me preocupo muito com a qualidade do meu trabalho, e tento entregar o melhor que eu posso, sou extremamente exigente comigo mesmo, e isso &agrave;s vezes &eacute; um pouco excessivo, e &agrave;s vezes me prejudica, as vezes isso pode ser alguma coisa que me limita um pouco, mas essa efici&ecirc;ncia e vontade de fazer bem permanece
L'Off: Em "Coisa mais linda" sua personagem tamb&eacute;m possui grande personalidade e uma representatividade feminista, o quanto de Mel Lisboa estava em Thereza? O que gostaria de carregar com voc&ecirc; dessa personagem?
Mel: A Thereza &eacute; uma personagem a frente do seu tempo, &eacute; uma personagem veross&iacute;mil de forma alguma, havia Therezas no mundo e elas foram muito importantes pros avan&ccedil;os e pros progressos que as mulheres conquistaram, desde aquela &eacute;poca para c&aacute;, as Therezas pelo mundo afora foram muito importantes. E eu admirava muito a personagem, gosto muito da Thereza, &eacute; uma personagem que me encanta, ent&atilde;o eu tive um prazer enorme em fazer a Thereza. &Eacute; claro que a gente sendo uma mulher contempor&acirc;nea de 2022, que j&aacute; tem uma consci&ecirc;ncia sobre si, sobre as outras, sobre as situa&ccedil;&otilde;es com as quais a gente tem que lidar, e a quest&atilde;o do feminismo, acaba que a Thereza &eacute; uma personagem com quem &eacute; f&aacute;cil a gente se identificar, mas eu tinha uma quest&atilde;o de admira&ccedil;&atilde;o pela thereza, porque al&eacute;m de tudo ela &eacute; uma mulher elegante, culta, descolada, divertida, ent&atilde;o &eacute; aquele tipo de personagem que voc&ecirc; queria ser, eu queria ser mais Thereza, e isso d&aacute; prazer de fazer.
L'Off: Sua apresenta&ccedil;&atilde;o para o grande p&uacute;blico teve in&iacute;cio com uma personagem marcante em "Presen&ccedil;a de Anita", se houvesse uma continua&ccedil;&atilde;o de sua personagem voc&ecirc; aceitaria fazer novamente?
Mel: Eu acho que a gente t&aacute; trabalhando num campo da suposi&ccedil;&atilde;o, primeiro, esse projeto n&atilde;o existe. Mas de toda forma, existem os ciclos que se encerram, Anita foi um trabalho muito importante, e que me trouxe muitas coisas boas, mas faz parte da minha hist&oacute;ria, mas &eacute; um ciclo que j&aacute; se fechou, pelo o qual eu sou muito grata
L'Off: Existe um grande movimento de atrizes internacionais de se manterem fora de m&iacute;dias sociais, como forma de protesto e limita&ccedil;&atilde;o do uso de suas imagens. Como voc&ecirc; equilibra a vida no mundo online/offline? Consegue impor limites?
Mel: Esse mundo online para minha gera&ccedil;&atilde;o, e eu posso falar por mim, pelo menos, &eacute; relativamente novo, a gente est&aacute; aprendendo a lidar, essas ferramentas tamb&eacute;m mudam com uma rapidez consider&aacute;vel, ent&atilde;o a gente vai entendendo como funcionam esses meios digitais de comunica&ccedil;&atilde;o. Eu costumo ser um pouco mais cautelosa, mesmo porque eu n&atilde;o tenho muito costume de me expor tanto, eu prefiro sempre focar um pouco mais no meu trabalho, que j&aacute; &eacute; exposto, que eu j&aacute; fico exposta naturalmente. N&atilde;o &eacute; uma resposta que eu sei dar, porque eu estou aprendendo tamb&eacute;m

L'Off: Sua nova personagem em "Cara e Coragem" &eacute; uma vil&atilde;, como &eacute; o processo de constru&ccedil;&atilde;o?
Mel: A gente trabalhou o elenco inteiro com a Cris Moura, que &eacute; uma preparadora maravilhosa, e fizemos um trabalho em grupo dos n&uacute;cleos, mas tamb&eacute;m um trabalho com o trio de vil&otilde;es, eu, &igrave;caro e Ricardo Pereira, para trabalhar a rela&ccedil;&atilde;o desses tr&ecirc;s, at&eacute; que ponto a confian&ccedil;a deles vai, porque eles confiam sempre desconfiando um do outro, j&aacute; todos sabem do que cada um &eacute; capaz de fazer. Especificamente da Regina, eu trabalhei essa quest&atilde;o dela ser uma pessoa duas caras, que aparenta ser subserviente, calma e tranquila, quando por tr&aacute;s ela est&aacute; ali fazendo muitos planos diab&oacute;licos para atingir os objetivos dela. 
Busquei refer&ecirc;ncia de vil&atilde;s que t&ecirc;m a ver com a hist&oacute;ria dela, que &eacute; usar o Leonardo para atingir um objetivo de ambi&ccedil;&atilde;o e fortuna que ela tem, e pra isso uma refer&ecirc;ncia cl&aacute;ssica &eacute; a Lady Macbeth, da pe&ccedil;a do Shakespeare, j&aacute; que &eacute; ela quem estimula o Macbeth a fazer tudo que ele faz para conseguir se tornar rei, n&atilde;o importa os meios, &ldquo;os fins justificam os meios&rdquo;, nesse caso. E outra personagem ic&ocirc;nica para mim &eacute; a Eve Harrington do filme A Malvada, personagem que chega sendo f&atilde; da atriz, querendo ser assistente e ajudar, quando na verdade ela quer derrubar aquela mulher e pegar o posto dela, ent&atilde;o s&atilde;o refer&ecirc;ncias que me ajudaram a construir a Regina
L'Off: Existe algo que ainda n&atilde;o conseguiu trabalhar em alguma personagem, que quer muito encontrar em projetos futuros?
Mel: H&aacute; muitas personagens que j&aacute; foram escritas e as que ainda v&atilde;o ser escritas, que eu tenho certeza que eu gostaria muito de fazer. Al&eacute;m dos projetos pessoais, eu estou tocando as minhas produ&ccedil;&otilde;es de teatro, mas agora tamb&eacute;m quero produzir um conte&uacute;do de audiovisual, j&aacute; estou come&ccedil;ando a pensar e a me agilizar para fazer acontecer. Ter mais autonomia tamb&eacute;m com o meu trabalho, assim como eu tenho no teatro, trazer pro audiovisual, acho que isso &eacute; um movimento que eu desejo e espero conseguir fazer
L'Off: Se voc&ecirc; pudesse conversar com Mel de 20 anos atr&aacute;s, o que gostaria que ela soubesse sobre o seu futuro?
Mel: N&atilde;o sei se eu falaria alguma coisa sobre o futuro, mas eu diria certamente pra ter calma, que, inclusive &eacute; um toque que eu me daria at&eacute; hoje, e que de certa forma a minha intui&ccedil;&atilde;o estava correta em rela&ccedil;&atilde;o ao teatro, que o teatro me daria tudo. Acho que eu falaria isso

Mel Lisboa compartilha maturidade na vida e no trabalho aos 40 anos

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