Ar puro, p&eacute; na grama e o som de riachos &eacute; o que in&uacute;meros moradores de grandes centros urbanos consideram o &aacute;pice do bem-estar. A Serra da Mantiqueira oferece tudo isso e ainda um cen&aacute;rio gastron&ocirc;mico impec&aacute;vel.

Com a pandemia, muitos viajantes que olhavam para <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/viagem/os-encantos-de-portugal">fora do pa&iacute;s</a> como destino de desejo tiveram de redescobrir o prazer de pegar o carro e diminuir o ritmo com o aux&iacute;lio do trepidar dos pneus por pequenas estradas <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/viagem/chapada-dos-veadeiros-guia-de-viagem">brasileiras</a>. Mesmo com uma maior liberdade para carimbar o passaporte agora, com o avan&ccedil;o da vacina&ccedil;&atilde;o e a abertura de fronteiras, s&atilde;o in&uacute;meros os turistas que ainda querem seguir no pa&iacute;s.

Entre os grandes &ldquo;(neo)achados&rdquo; do turismo local est&aacute; a Serra da Mantiqueira, rec&eacute;m-batizada informalmente como a &ldquo;Toscana brasileira&rdquo;. Tal apelido, exaltado com orgulho pelos moradores locais, condensa duas caracter&iacute;sticas bem marcantes da &aacute;rea montanhosa que se estende por S&atilde;o Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (e que lembra a regi&atilde;o central da It&aacute;lia por seu clima e agroturismo): a gastronomia focada em ingredientes locais e o ar puro.

Morada das &aacute;guas

Mantiqueira &eacute; um nome de origem tupi. Une amana (chuva) com tykyra (gota). Por ali a abund&acirc;ncia de nascentes, al&eacute;m da umidade caracter&iacute;stica da mata atl&acirc;ntica e mata de arauc&aacute;rias, &eacute; mesmo impressionante. Uma forma interessante para ter um contato intenso com essa riqueza h&iacute;drica &eacute; fazendo trekking. Para iniciantes na pr&aacute;tica, o ideal &eacute; come&ccedil;ar pelos entornos de Campos do Jord&atilde;o. O popular roteiro tur&iacute;stico de inverno se tornou uma op&ccedil;&atilde;o cool para casais e fam&iacute;lias de grandes cidades que buscam fugir do turismo abarrotado de pessoas, bastante comum no litoral do pa&iacute;s entre a primavera e o ver&atilde;o. Botas nos p&eacute;s, roupa confort&aacute;vel, um bast&atilde;o de caminhada e um bin&oacute;culo (para momentos incr&iacute;veis de birdwatching) fazem parte do kit para o passeio. Guias profissionais s&atilde;o indicados para dar assist&ecirc;ncia e rechear o circuito com hist&oacute;rias. Uma boa indica&ccedil;&atilde;o &eacute; a equipe do Aventoriba, grupo que leva a pontos isolados, exclusivos e com vistas deslumbrantes.&nbsp;

A op&ccedil;&atilde;o mais disputada de caminhada ao ar livre &eacute; o percurso no fim da tarde com direito a vinho e piquenique gourmet tendo como pano de fundo uma vista incr&iacute;vel, de cima de um morro, para um alaranjado p&ocirc;r do sol e fogueira. Antes de chegar at&eacute; esse momento reconfortante da expedi&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o deixe de recarregar as energias molhando os p&eacute;s em cachoeiras e riachos ou visitando alguma trincheira da &eacute;poca da Revolu&ccedil;&atilde;o de 1932.&nbsp;

Agora, se o assunto for gastronomia, prepare-se para uma verdadeira expedi&ccedil;&atilde;o de sabores e informa&ccedil;&otilde;es. A Mantiqueira &eacute; celeiro de ingredientes finos com reconhecimento internacional. Um bom exemplo s&atilde;o os caf&eacute;s de S&atilde;o Sebasti&atilde;o da Grama. Os da Fazenda Santa Alina, cujos microlotes sempre se destacam em premia&ccedil;&otilde;es do setor, s&atilde;o imperd&iacute;veis. Acompanhe um coado com uma por&ccedil;&atilde;o de p&atilde;es de queijo feitos tamb&eacute;m nas redondezas. A receita que leva tulha, queijo da Fazenda Atalaia que j&aacute; abocanhou uma medalha de ouro no World Cheese Awards, tem cremosidade &iacute;mpar.

J&aacute; para os amantes de um bom brunch, uma salada de PANCs da regi&atilde;o, um crumble com mel de abelhas jata&iacute;, uma bela burrata do Latic&iacute;nio Montezuma regada com azeite Fazenda Irarema ou Rossini e uma ta&ccedil;a de vinho produzido com a t&eacute;cnica de poda invertida &eacute; uma experi&ecirc;ncia de haute cuisine totalmente local e que pode ser apreciada sob a sombra de um jatob&aacute; ou ao lado de arauc&aacute;rias. O frescor &agrave; mesa &eacute;, sem d&uacute;vida, um dos pontos altos da viagem, que deve durar, no m&iacute;nimo, uma semana. Outras &oacute;timas mesas s&atilde;o as do restaurante farm to table Mina, do aconchegante Dois Rios ou mesmo da informal Fazenda Eisland, morada de incr&iacute;veis sorvetes e fondants.&nbsp;

A Mantiqueira &eacute; celeiro de ingredientes finos com reconhecimento internacional

Com tantas atividades ao ar livre e um roteiro gastron&ocirc;mico agitado, a hora de descansar se faz mais do que necess&aacute;ria. E em um dos pontos mais altos da Mantiqueira &eacute; poss&iacute;vel fazer isso de uma forma diferente, gra&ccedil;as &agrave; mais nova hospedagem dispon&iacute;vel na regi&atilde;o: os ninhos. O projeto &eacute; um chal&eacute; de vidro, suspenso sobre um bosque localizado na propriedade hist&oacute;rica de Campos do Jord&atilde;o e ponto do melhor fondue da cidade, o Hotel Toriba. A vista &eacute; panor&acirc;mica e os nomes inspirados na fauna local: beija-flor e sabi&aacute;-laranjeira. A experi&ecirc;ncia &eacute; bem diferente do que a habitual estadia no pr&eacute;dio-sede constru&iacute;do em estilo alpino. O projeto &eacute; minimalista, de a&ccedil;o e vidro, com decora&ccedil;&atilde;o exaltando designers brasileiros e integrando a copa das &aacute;rvores aos c&ocirc;modos. A 10 metros de altura, em um jardim privativo que faz parte da su&iacute;te, &eacute; poss&iacute;vel apreciar o caf&eacute; da manh&atilde; e ler um bom livro. Tamb&eacute;m &eacute; poss&iacute;vel fazer um anywhere office ali, j&aacute; que a Internet &eacute; de alta velocidade. A perspectiva do trabalho at&eacute; muda, como se voc&ecirc; estivesse flutuando no preservado verde da regi&atilde;o enquanto responde a e-mails.&nbsp;

Para quem quer voltar da viagem com novos conhecimentos, os cursos de fotografia de natureza s&atilde;o uma &oacute;tima escolha. &ldquo;A regi&atilde;o da Mantiqueira tem v&aacute;rios pontos altos para quem gosta de fotografar. A Pedra do Ba&uacute;, por exemplo, &eacute; impressionante de diversos &acirc;ngulos. Outro ponto interessante para treinar os cliques &eacute; o nascer e o p&ocirc;r do sol vistos dos principais picos, como o Agudo, em Santo Ant&ocirc;nio do Pinhal, o Itapeva e o do Diamante, esses &uacute;ltimos em Campos do Jord&atilde;o&rdquo;, diz Reinaldo Opice, fot&oacute;grafo que d&aacute; cursos e workshops na regi&atilde;o. &ldquo;Tamb&eacute;m &eacute; interessante clicar as estradinhas e os caminhos rurais, com suas capelinhas, casas caipiras e, com um pouco de sorte, algum tropeiro que ainda cavalga na Mantiqueira&rdquo;, completa.

Fechando a programa&ccedil;&atilde;o, um momento solit&aacute;rio, mas impressionante, se faz essencial na aventura. Desligue todas as luzes do local em que estiver hospedado e, em uma noite de c&eacute;u limpo, perceba a imensid&atilde;o de estrelas e planetas, que se fundem com o voo de vaga-lumes e o canto de animais silvestres de h&aacute;bitos noturnos. Em dias bem secos tamb&eacute;m &eacute; poss&iacute;vel apreciar o esfumado da Via L&aacute;ctea e de nebulosas. &Eacute; aquele momento em que voc&ecirc; se sente pequeno perto da imensid&atilde;o do universo e pensa no que &eacute; realmente importante em sua vida &ndash; e como &eacute; bom dar uma pausa para recarregar as energias em um local ainda muito preservado em nosso pa&iacute;s.

Os encantos da Serra da Mantiqueira, a "Toscana brasileira"

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