A atriz que interpreta a Blogueirinha do Fim do Mundo fala sobre o sucesso de seus conte&uacute;dos sat&iacute;ricos sobre o governo brasileiro, a nova s&eacute;rie As Seguidoras, e as elei&ccedil;&otilde;es de 2022!

Maria Bopp parece ter o dom de interpretar personagens instigantes! Ap&oacute;s o sucesso internacional da s&eacute;rie &ldquo;Me Chamo Bruna&rdquo;, na qual vivia Bruna Surfitinha (pseud&ocirc;mino de Bruna Pacheco), Maria lan&ccedil;ou a personagem Blogueirinha do Fim do Mundo em seu perfil no Instagram. Com cr&iacute;ticas ao governo Bolsonaro, machismo e a outros assuntos sociopol&iacute;ticos, os tutoriais da Blogueirinha viraram uma febre nas redes sociais com s&aacute;tiras inteligentes, que prendem a todos do in&iacute;cio ao fim. Com o estrondo de seus conte&uacute;dos, Maria ganhou um quadro na GNT com esquetes especiais da sua personagem.&nbsp;
No primeiro semestre de 2022, Bopp mergulhou em uma nova personagem - mais instigante ainda! Em &ldquo;As Seguidoras&rdquo;, Maria d&aacute; vida &agrave; Liv, uma influenciadora digital que se envolve em uma s&eacute;rie de assassinatos e &eacute; perseguida por uma podcaster criminal. Com produ&ccedil;&atilde;o do Porta dos Fundos e Jo&atilde;o Vicente, a s&eacute;rie tem aquele toque de com&eacute;dia dram&aacute;tica, que garante tutoriais exclusivos para o p&uacute;blico ao longo da s&eacute;rie sobre temas assombrosos com o sarcasmo que conhecemos da Blogueirinha do Fim do Mundo. A L&rsquo;Officiel conversou com exclusividade com a atriz Maria Bopp sobre a Blogueirinha, &ldquo;As Seguidoras&rdquo; e o que podemos esperar do seu conte&uacute;do ao longo das elei&ccedil;&otilde;es de 2022. Confira!&nbsp;

Como surgiu a inspira&ccedil;&atilde;o para a Blogueirinha do Fim do Mundo?

Eu estava em 2019 fazendo um curso/pe&ccedil;a de teatro e a gente estava trabalhando em cima de um texto do Beckett, chamado &ldquo;Fim de partida&rdquo;, que fala sobre o fim do mundo. Os diretores e professores pediram para n&oacute;s, atrizes, levarmos ideias do que seria o fim do mundo para cada uma de n&oacute;s. Em casa, sozinha, eu pensei nessa esquete da Blogueirinha - o mundo est&aacute; acabando, mas a blogueirinha segue fazendo seus tutoriais. Eu apresentei essa ideia no curso; o texto era mais pesado e agressivo, mas as atrizes e professores gostaram muito. Ali eu vi que era uma ideia interessante para seguir e virar uma personagem das redes sociais. Vinha muito tamb&eacute;m desse inc&ocirc;modo meu, de um universo um pouco fr&iacute;volo das redes, e como muitas celebridades n&atilde;o se posicionam diante de acontecimentos que eu julgo importantes. Foi da&iacute; que veio a ideia, eu botei no mundo e deu certo.

Como funciona o seu processo de cria&ccedil;&atilde;o para os roteiros?&nbsp;

O meu processo de cria&ccedil;&atilde;o &eacute; bem ca&oacute;tico, na verdade. Ele n&atilde;o segue uma regra, depende do v&iacute;deo. &Agrave;s vezes ele vem de um assunto que est&aacute; todo mundo falando a respeito na internet, &agrave;s vezes vem de um inc&ocirc;modo meu, de algum assunto que eu gostaria de falar sobre ou um acontecimento que vem do governo. Eu escrevo uma frase, pesquiso sobre o tema, depois assisto a um v&iacute;deo&hellip; Eu fico entre o mundo da pol&iacute;tica, quest&otilde;es sociais e o mundo das blogueiras. Tamb&eacute;m assisto ao v&iacute;deo de alguma blogueira para me inspirar no jeito que elas falam, no formato. Fico pulando de uma coisa para outra.

Fotos: Vinícius Mochizuki

Como medir e equilibrar o sarcasmo, entretenimento e informa&ccedil;&atilde;o sociopol&iacute;tica para o p&uacute;blico?

&Eacute; dif&iacute;cil. Eu tento evitar ser s&oacute; destrutiva nos meus v&iacute;deos e procuro ser mais propositiva. Por isso, tem muitos v&iacute;deos que eu gosto de usar um tanto da pesquisa que eu fa&ccedil;o, sabe? Ent&atilde;o eu coloco estat&iacute;sticas e dados que eu leio para ser mais informativa e n&atilde;o fazer somente uma cr&iacute;tica. Em rela&ccedil;&atilde;o ao sarcasmo, &eacute; dif&iacute;cil &agrave;s vezes. Tem muita gente que ainda n&atilde;o me conhece e tem mais dificuldade em entender a ironia do conte&uacute;do. Eu n&atilde;o diria que acerto o equil&iacute;brio sempre, mas eu tento (risos).&nbsp;

Depois do sucesso das s&aacute;tiras da Blogueirinha, voc&ecirc; se sente pressionada a sempre se mostrar de forma politizada?

Isso n&atilde;o &eacute; algo que eu me sinto pressionada ou for&ccedil;ada. Eu sou uma pessoa politizada. Pol&iacute;tica &eacute; um assunto que est&aacute; constantemente no meu dia a dia. Eu falo de pol&iacute;tica com meus amigos, com minha fam&iacute;lia, j&aacute; falava antes da Blogueirinha e antes me tornar atriz. &Eacute; um assunto que eu gosto e me interesso. Me colocar dessa maneira na internet &eacute; algo que &eacute; natural. Claro que muitas vezes eu sinto que quando acontece algum acontecimento marcante no governo ou alguma quest&atilde;o social importante, as pessoas v&ecirc;m me pedir, assim: &ldquo;Ah, Maria, fala sobre tal coisa, faz um v&iacute;deo da Blogueirinha sobre.&rdquo; mas eu n&atilde;o sinto isso como uma uma press&atilde;o - eu sinto como uma expectativa que meu p&uacute;blico tem por conta do meu conte&uacute;do, eu acho que &eacute; normal.

O que voc&ecirc; enxerga como impacto do atual governo na cultura?

Bom, eu acho que t&ecirc;m quest&otilde;es que nem s&atilde;o muito da minha vis&atilde;o mas que s&atilde;o simplesmente fatos. O fato do Governo Bolsonaro ter, por exemplo, extinguido o Minist&eacute;rio da Cultura e ter transformado-o numa Secretaria j&aacute; mostra muito simbolicamente como ele enxerga a cultura como algo menor ou que vale a pena ser minguado e menosprezado; Pelo terror que s&atilde;o os secret&aacute;rios de cultura desde o in&iacute;cio do governo: um que citou um ministro nazista, Regina Duarte completamente fora de si nas suas apari&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas - demonstrando um conhecimento muito pobre de cultura - e, agora o Mario Frias, que n&atilde;o faz absolutamente nada pela cultura, s&oacute; gasta dinheiro p&uacute;blico e tira fotos com armas na m&atilde;o. Eu acho que isso n&atilde;o &eacute; uma vis&atilde;o minha, mas uma vis&atilde;o do que &eacute; o governo. O audiovisual sucateado, abandonado, leis de incentivo paralisadas, a Lei Paulo Gustavo vetada&hellip; &Eacute; muito claro o desprezo que esse governo tem pela cultura como um todo.&nbsp;

Como voc&ecirc; considera a import&acirc;ncia da Blogueirinha em criar conte&uacute;do de valor que gere senso cr&iacute;tico nas pessoas?&nbsp;

Gerar senso cr&iacute;tico &eacute; algo que eu realmente gosto de fazer nos meus v&iacute;deos. Gosto de acender uma luz na cabe&ccedil;a de pessoas sobre determinados assuntos, coisas que &agrave;s vezes a gente n&atilde;o percebe, sabe?. Ent&atilde;o quando eu fa&ccedil;o um v&iacute;deo falando sobre a ind&uacute;stria da beleza, sobre como muitas marcas est&atilde;o interessadas em vender produtos pelo lucro e por quest&otilde;es capitalistas, e n&atilde;o pelo bem-estar da mulher - como aparece nas publicidades. Eu gostaria que as pessoas pensassem sobre a necessidade das mulheres emagrecerem para se sentirem mais bonitas, sobre a viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica, relacionamentos abusivos ou sobre como o conte&uacute;do de influencers pode ser negativo por mais que a gente acredite que n&atilde;o. Gosto de gerar, com meus v&iacute;deos, uma reflex&atilde;o que pode ser interna ou um debate coletivo. Acho que &eacute; uma maneira que eu consigo contribuir para pensarmos sobre a nossa presen&ccedil;a nas redes sociais.&nbsp;

O que podemos esperar desses conte&uacute;dos nas elei&ccedil;&otilde;es?

Nas elei&ccedil;&otilde;es deste ano, eu pretendo me posicionar da mesma forma que eu sempre me posicionei: de acordo com o que eu acredito e avaliando certas prioridades. Para mim, a prioridade &eacute; que Bolsonaro n&atilde;o seja reeleito e com isso que a gente consiga eleger deputados que sejam alinhados com a ideologia contr&aacute;ria ao Bolsonaro, entende? Eu espero que o Bolsonaro, o Bolsonarismo e tudo que ele acredita seja varrido do Congresso. Meu posicionamento vai ser sempre pensando nesse objetivo.

Qual a sua vis&atilde;o hoje sobre os influenciadores digitais hoje em dia?

Tem muitos influenciadores digitais sobre mil assuntos diferentes. Se voc&ecirc; quiser pegar qualquer assunto na internet, ter&aacute; diversos influenciadores para cada um desses assuntos. Eu considero uma novidade da nossa gera&ccedil;&atilde;o. Me incluo de certa forma porque eu acabei virando uma influenciadora, ent&atilde;o a gente ainda n&atilde;o entende se isso &eacute; uma ocupa&ccedil;&atilde;o ou se n&atilde;o &eacute;. Acho que muitos influenciadores n&atilde;o s&atilde;o levados a s&eacute;rio, as pessoas ainda t&ecirc;m certa desconfian&ccedil;a. E eu entendo. H&aacute; influenciadores gigantes, que t&ecirc;m muitos contratos publicit&aacute;rios, que preferem se abster de falar sobre assuntos sociopol&iacute;ticos, que s&atilde;o &lsquo;isentonas&rsquo; e isso gera uma certa indigna&ccedil;&atilde;o. Mas tamb&eacute;m h&aacute; muitos que se posicionam, que contribuem para caramba e que fazem um servi&ccedil;o para a galera. &Eacute; um universo muito diverso, dif&iacute;cil de definir todos como uma coisa s&oacute;.

Se a Maria Bopp fosse dar uma dica de beleza, qual seria?

Consultem seu dermatologista (risos). Cada pessoa tem uma ideia do que &eacute; beleza, necessidades tipos de pele e cabelo diferentes. A pessoa que mais pode te indicar o que &eacute; para voc&ecirc; &eacute; o seu m&eacute;dico. Ou seu psic&oacute;logo, talvez (risos).&nbsp;

Qual foi a sua rea&ccedil;&atilde;o ao ser convidada para As Seguidoras e esse processo de desenvolvimento da s&eacute;rie que tem um super fit com a Blogueirinha do Fim do Mundo.

Eu fiquei muito feliz de ser convidada para a s&eacute;rie &ldquo;As Seguidoras&rdquo;. Como voc&ecirc; disse, tem um fit com a Blogueirinha do Fim do Mundo, apesar de n&atilde;o ser. A minha blogueirinha n&atilde;o sai da tela do celular, dos tutoriais, n&atilde;o &eacute; uma personagem tridimensional. E com a Liv, que &eacute; a minha personagem da s&eacute;rie, eu pude construir uma personagem com camadas e um arco dram&aacute;tico. Eu fiquei muito feliz e &eacute; isso que eu amo fazer como atriz. Tenho a plena consci&ecirc;ncia de que fui convidada para fazer &ldquo;As Seguidoras&rdquo; porque eu fiz a Blogueirinha do Fim do Mundo antes, e assim eu pude ser vista como uma atriz interessante para interpretar esse papel. Bem diferente da Blogueirinha, a Liv &eacute; uma personagem mais profunda e tem suas particularidades.&nbsp;

Qual foi a sua prepara&ccedil;&atilde;o para interpretar uma serial killer? Voc&ecirc; se inspirou em algum personagem?

Bom, eu adoro assistir conte&uacute;do de serial killers (risos), eu j&aacute; gostava de assistir mesmo antes das &ldquo;As Seguidoras&rdquo;. Eu gosto de assistir a document&aacute;rios, canais do YouTube e ouvir podcasts sobre crimes reais. &Eacute; um universo muito magn&eacute;tico, porque justamente &eacute; m&oacute;rbido. &Eacute; quase um estudo dos limites da mente humana. Todo espectro do que &eacute; poss&iacute;vel um ser humano fazer, os serial killers est&atilde;o em um lado do extremo. Para fazer a Liv, assisti mais a esse conte&uacute;do com uma perspectiva mais de estudo. Fiz um workshop com a Ilana Casoy (autora brasileira que escreveu sobre os casos Nardoni e Richthofen), crimin&oacute;loga brasileira muito famosa e experiente no assunto, que foi muito importante para ela contar sobre a mente dos psicopatas e como isso funciona. N&atilde;o me inspirei em nenhuma personagem espec&iacute;fica, eu fiz a minha pr&oacute;pria serial killer. Porque apesar de ser uma s&eacute;rie de serial killer, &eacute; de humor tamb&eacute;m. &Eacute; uma s&eacute;rie do Porta dos Fundos, ent&atilde;o tinha essa coisa de n&atilde;o se levar t&atilde;o a s&eacute;rio - n&atilde;o estava fazendo um drama, nem contando uma hist&oacute;ria real. Tinha essa liberdade de ser um pouco mais leve e tratar do assunto com mais leveza.&nbsp;

Podemos esperar a continua&ccedil;&atilde;o da saga da Liv em uma segunda temporada de &ldquo;As Seguidoras&rdquo;?

Eu realmente n&atilde;o tenho essa resposta, gostaria muito de ter, mas eu n&atilde;o tenho. Gostaria muito de fazer uma segunda temporada. A primeira deixa um arco em aberto para continua&ccedil;&atilde;o, ent&atilde;o tomara que venha! Estou nessa expectativa!

Mari, manda um recado para os nossos leitores?

Hidratem-se, passem filtro solar - isso &eacute; importante, porque inclusive eu tirei um c&acirc;ncer de pele recentemente - e votem direitinho nas elei&ccedil;&otilde;es deste ano (risos). Obrigada!&nbsp;

Depois desse papo, compreendemos a genialidade por tr&aacute;s da Blogueirinha do Fim do Mundo e seus conte&uacute;dos que primeiramente chocam para, em seguida, nos provocar a refletir sobre assuntos importantes. Nossa reda&ccedil;&atilde;o ficou simplesmente obcecada nas aventuras de Liv em&nbsp; &ldquo;As Seguidas&rdquo; e a s&eacute;rie est&aacute; dispon&iacute;vel no Paramount+ para voc&ecirc; maratonar.

Blogueirinha do Fim do Mundo: Maria Bopp em entrevista exclusiva

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