"O meu maior hobby é sonhar acordada", diz a pernambucana, que é embaixadora do projeto americano Girl Gaze. 

Bruna Valença

&quot;Fotografar &eacute; uma aventura e eu nunca mais quero sair dela&quot;. &Eacute; assim que <a href="https://www.instagram.com/brunavalenca/" target="_blank">Bruna Valen&ccedil;a</a> define sua rela&ccedil;&atilde;o com a fotografia, que come&ccedil;ou ainda aos 14 anos. Hoje, aos 26, a recifense tem trabalhos publicados em publica&ccedil;&otilde;es importantes &ndash; como a Teen Vogue &ndash; e &eacute; embaixadora do projeto <a href="http://www.girlgaze.tv/" target="_blank">Girl Gaze</a>, que re&uacute;ne imagens clicadas por mulheres do mundo todo, com o objetivo de apoiar&nbsp;jovens fot&oacute;grafas.&nbsp;

Sempre com uma&nbsp;Canon F-1 de 1972 no&nbsp;pesco&ccedil;o, Bruna &eacute; f&atilde; do efeito cru e at&eacute; das falhas da fotografia anal&oacute;gica. Em um misto de for&ccedil;a e delicadeza, a est&eacute;tica de suas fotos remete &agrave;s obras da diretora&nbsp;Sofia Coppola e da fot&oacute;grafa Petra Collins (da qual j&aacute; falamos <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/fotografia-feminista-petra-collins" target="_blank">aqui</a>).

Leia a seguir nossa entrevista com a a pernambucana &ndash; que, talvez voc&ecirc; n&atilde;o saiba, &eacute; irm&atilde; da blogueira <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/mode/camila-a-nossa-it-girl" target="_blank">Camila Coutinho</a>!&nbsp;

 Bruna Valença

Quando e como come&ccedil;ou sua rela&ccedil;&atilde;o com a fotografia?&nbsp;
A minha rela&ccedil;&atilde;o com a fotografia come&ccedil;ou aos 14 anos, quando ao voltar do col&eacute;gio me peguei querendo desenhar as plantas, flores e cores que encontrava ao longo do caminho. Depois de algumas tentativas frustradas no desenho, me dei conta que o que me marcava era de fato a imagem, a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/volumes">dimens&atilde;o das cores e as suas texturas</a>. Pedi uma c&acirc;mera de anivers&aacute;rio para o meu pai e esse foi o meu primeiro instrumento, na &eacute;poca uma c&acirc;mera super compacta, que me ajudava nos meus primeiros registros da adolesc&ecirc;ncia e do que se passava ao meu redor. Aos 16 anos, em uma &eacute;poca de f&eacute;rias, achei um an&uacute;ncio de um curso de fotografia caseira em uma comunidade do extinto "Orkut". Eu me matriculei no curso e comecei a mexer com a fotografia anal&oacute;gica. Desde ent&atilde;o n&atilde;o parei mais.
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Hoje em dia, a maior parte das suas fotos &eacute; de mulheres, certo? Como aconteceu essa escolha?&nbsp;
Isso! Venho fotografando mulheres h&aacute; uns 3, 4 anos e isso aconteceu de maneira bem natural. Sempre gostei bastante de fotografar pessoas, pr&oacute;ximas minhas ou estranhos na rua. Eu me interessava em tentar achar alguma rela&ccedil;&atilde;o entre o f&iacute;sico e a personalidade de cada uma delas. Comecei a levar a c&acirc;mera na bolsa para todo lugar que eu ia. Eu fotografava at&eacute; de dentro do &ocirc;nibus, do t&aacute;xi, andando na rua, e criava personagens na minha cabe&ccedil;a das pessoas que tinha acabado de fotografar. Depois comecei a fotografar amigas pr&oacute;ximas em viagens, sa&iacute;das, ao amanhecer de cada festa, e lentamente fui percebendo que cada vez que eu fotografava algu&eacute;m mais &iacute;ntimo, eu conhecia tra&ccedil;os e caracter&iacute;sticas&nbsp;particulares de cada um. E isso se tornou um v&iacute;cio! A&nbsp;medida em que o tempo foi passando, eu me dei conta que estava vivendo uma &eacute;poca de minha vida rodeada de mulheres incr&iacute;veis, fortes, me aproximando de umas amigas que nem eram t&atilde;o pr&oacute;ximas e &nbsp;conhecendo amigas novas atrav&eacute;s da fotografia. Naturalmente percebi que estava vivenciando uma fase de retratos femininos. Foi&nbsp;espont&acirc;neo.&nbsp;
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De que forma voc&ecirc; acha que um ensaio fotogr&aacute;fico pode influenciar a autoestima das mulheres?&nbsp;
Acho que a imagem traduz muita coisa sobre a gente. As nossas marcas, passagens de tempo, inseguran&ccedil;as e peculiaridades. Acredito que por estarmos t&atilde;o imersas em n&oacute;s mesmos, &agrave;s vezes, n&atilde;o conseguimos nos enxergar perfeitamente, sabe? A cada ensaio eu percebo que rola o fator surpresa. A mulher fotografada se surpreende com a sua pr&oacute;pria imagem. &Eacute; um exerc&iacute;cio de aprendizado tanto para a modelo&nbsp;quanto para mim. &Agrave;s vezes, fotografo uma pessoa que nunca tinha visto nem conversado na vida e em 30 minutos clicando j&aacute; noto que houve uma metamorfose dentro da mulher. Ela aprende mais sobre movimentos corporais, sobre se sentir bem na frente da c&acirc;mera e, principalmente, a se conhecer e entender o que &eacute; ou n&atilde;o confort&aacute;vel para si mesma.&nbsp;
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Suas fotos t&ecirc;m uma delicadeza muito particular. Como voc&ecirc; definiria seu estilo de fotografar?

S&atilde;o tantas ideias, tantas imagens que visualizo na minha cabe&ccedil;a antes de p&ocirc;r em pr&aacute;tica, que acho que tentaria definir o meu estilo em algo relacionado com a Est&eacute;tica do Sonho, j&aacute; que muitas das minhas id&eacute;ias v&ecirc;m de sonhos profundos e de sensa&ccedil;&otilde;es passageiras ao longo do dia. Sou uma pessoa bastante imaginativa e que adora fantasiar sobre situa&ccedil;&otilde;es realistas. O meu maior hobby &eacute; sonhar acordada.

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Quais s&atilde;o as suas fot&oacute;grafas/artistas favoritas?&nbsp;

S&atilde;o tantas! Sou apaixonada pelo trabalho da brasileira Tuane Eggers, ela tamb&eacute;m mexe muito com anal&oacute;gico. O estilo atemporal de Shelbie Dimond e a efemeridade dos retratos da americana Olivia Bee tamb&eacute;m me encantam. Sou viciada em tudo que a brasileira Verena Smit cria. Ela &eacute; uma artista visual incr&iacute;vel!

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Como foi sua participa&ccedil;&atilde;o na exibi&ccedil;&atilde;o do Girl Gaze, em LA? Como tem sido a&nbsp;experi&ecirc;ncia de ser embaixadora do projeto? &nbsp;

Minha participa&ccedil;&atilde;o na primeira exposi&ccedil;&atilde;o f&iacute;sica do Girl Gaze Project foi incr&iacute;vel! O projeto come&ccedil;ou com uma simples hashtag e hoje tem mais de&nbsp;350 mil&nbsp;fotos inscritas. Aos poucos, algumas fotos minhas foram sendo selecionadas, at&eacute; que sa&iacute; na edi&ccedil;&atilde;o de julho de 2016 da Teen Vogue junto com fot&oacute;grafas incr&iacute;veis que ainda n&atilde;o conhecia.&nbsp;Dois meses depois, recebi um convite para participar da exposi&ccedil;&atilde;o. Voei para Los Angeles&nbsp;para a abertura e tive a oportunidade de conhecer a idealizadora do projeto, Amanda de Cadenet. Foi uma reuni&atilde;o de mulheres incr&iacute;veis, todas com um prop&oacute;sito: fotografar. &Eacute; impressionante e contagiante o poder feminino!&nbsp;O convite para ser embaixadora &eacute; recente, e n&oacute;s estamos ajudando a dissipar informa&ccedil;&otilde;es sobre o Girl Gaze, convocando mulheres fot&oacute;grafas a inscreverem os seus trabalhos e dialogando cada vez mais sobre o nosso universo e como n&oacute;s podemos ajudar umas &agrave;s outras.

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Qual foi seu trabalho mais marcante at&eacute; agora?

Cada trabalho me ensina bastante. Foi muito marcante quando finalmente consegui manusear minha primeira c&acirc;mera de m&eacute;dio formato, por exemplo. Tamb&eacute;m me surpreendi ao conseguir perder o meu medo de altura e subir na cobertura de um pr&eacute;dio para fotografar a minha grande amiga La&iacute;s Domingues, nua, em um dia cheio de desafios. Trabalhar com fotografia &eacute; saber que n&atilde;o existe rotina. A cada dia eu aprendo, me surpreendo e saio da minha zona de conforto. Ano passado, fotografei uma s&eacute;rie de retratos com a artista pl&aacute;stica pernambucana Giovanna Sim&otilde;es e as fotos viajaram bastante, inclusive para o Annenberg Photography Space, na coletiva &quot;A Frame of Mind&quot;, do Girl Gaze Project. Isso eu tamb&eacute;m nunca mais vou esquecer.

Bruna Valença e a estética dos sonhos da fotógrafa

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