Em entrevista para L&rsquo;Officiel, Fabiola Guimar&atilde;es diretora da marca Hering conta os pr&oacute;ximos passos da marca para ser mais presente no guarda-roupa brasileiro

Fabiola Guimar&atilde;es construiu sua carreira nos universos de labels de moda, no Brasil e nos Estados Unidos. Combinando vis&atilde;o de neg&oacute;cios com criatividade, &eacute; a diretora de marca na Hering e tem o objetivo de torn&aacute;-la ainda mais presente no guarda-roupa do <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/d-gaia-marca-brasileira-estreia-no-mercado-de-luxo-brasileiro">brasileiro</a>, com diversidade, <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/rumo-certo-sustentabilidade">sustentabilidade</a>, cor, alegria e vibra&ccedil;&atilde;o. Confira!

Fabiola Guimar&atilde;es, quem diria, come&ccedil;ou a carreira trabalhando com o mercado financeiro. Formada em administra&ccedil;&atilde;o, foi no per&iacute;odo que fez MBA em marketing de moda, em Barcelona, em parceria com o London College of Fashion, que realmente resolveu unir fashion com neg&oacute;cios. &ldquo;Sempre tive vontade de trabalhar com moda e foi no marketing que me encontrei!&rdquo;, lembra ela que teve passagens no varejo de moda brasileira, e tamb&eacute;m &agrave; frente de uma marca nacional no mercado americano, por tr&ecirc;s anos, &ldquo;um desafio diferente, mas extremamente gratificante&rdquo;. Hoje, ela soma uma bagagem profissional de mais de 18 anos no varejo de moda, 15 em cal&ccedil;ados, e, agora, os &uacute;ltimos tr&ecirc;s com a Hering.

L&rsquo;OFFICIEL Como a moda entrou na sua vida?&nbsp;
FABIOLA GUIMAR&Atilde;ES Desde pequena eu gostava de ver e ler revistas de moda. Era uma coisa que estava intr&iacute;nseca em mim, mas nunca tinha pensado em trabalhar nessa &aacute;rea. Porque n&atilde;o &eacute; a parte do estilo e da cria&ccedil;&atilde;o que me atra&iacute;a. Eu era encantada por esse mundo, em como era grandioso e poderia transformar a vida das pessoas. Mas eu ainda n&atilde;o tinha entendido como poderia trabalhar nessa &aacute;rea. Sempre tive uma vis&atilde;o mais de neg&oacute;cios e muito mais num&eacute;rica. Com o passar do tempo, fui vendo que eu poderia atuar mais na parte do neg&oacute;cio, tendo o desafio de potencializar, reverberar e levar essa moda &agrave;s pessoas. E acho que agora, trabalhando na Hering, existe toda uma hist&oacute;ria de como a gente consegue democratizar &ndash; que &eacute; a ideia de como todo brasileiro pode &ndash; e deve ter &ndash; uma Hering no seu guarda-roupa. &Eacute; uma coisa de como transformar essa coisa do luxo em algo acess&iacute;vel e consciente.

L&rsquo;O Como observou o marketing de moda mudar nos &uacute;ltimos 20 anos?&nbsp;
FG Acho que a gente j&aacute; teve v&aacute;rios momentos dessa comunica&ccedil;&atilde;o de moda. Desde as top models como Gisele, Kate Moss, Naomi Campbell &ndash; e o quanto a gente as enxergava como modelos de mulheres. E como a moda tem um papel de conscientizar: somos parte de uma ind&uacute;stria que &eacute; um pouco contra a hist&oacute;ria de preserva&ccedil;&atilde;o do meio ambiente, de ser sustent&aacute;vel e de ter causas. Passamos por um momento &ndash; acho que n&atilde;o veio exatamente da moda, mas da ind&uacute;stria da beleza, que tamb&eacute;m influencia a moda. Acho que a que mais marcou foi a Dove, quando teve aquela campanha &ldquo;Existe beleza em todos os corpos&rdquo;, com a ideia de voc&ecirc; estar bem com o seu corpo, de se sentir bem com uma roupa que voc&ecirc; quer usar. Acho que a moda vem buscando isso: diversidade, inclus&atilde;o e de como voc&ecirc; consegue impactar menos o meio ambiente. Mas ao mesmo tempo tem tamb&eacute;m uma hist&oacute;ria de como voc&ecirc; trabalha o desejo. No meio disso tudo aconteceu uma pandemia, em que ficou aflorado o quanto isso era importante. &Agrave;s vezes tem um momento em que a moda quer voltar a ser mais ic&ocirc;nica, mais desej&aacute;vel, e isso volta em uma proposta de explorar mais o corpo. Acho que a moda pode falar sobre tudo, de uma forma que seja genu&iacute;na &ndash; e acho que isso &eacute; o mais importante. Se a marca n&atilde;o acredita na diversidade de corpos, n&atilde;o adianta fazer uma campanha com diversidade de corpos. Eu acho que isso tem que ser realmente de dentro para fora, e n&atilde;o somente para uma comunica&ccedil;&atilde;o. Na minha vis&atilde;o, o consumidor enxerga muito isso.

L&rsquo;O Como imagina que o mercado se comportar&aacute; nos pr&oacute;ximos 20 anos?&nbsp;
FG Em rela&ccedil;&atilde;o ao meio ambiente, atualmente a ind&uacute;stria da moda &eacute; a que mais polui. Por&eacute;m, percebemos que aos poucos ela vem reduzindo seu impacto ambiental. Eu acho que o papel da ind&uacute;stria da moda &eacute; realmente refletir o que a sociedade vai querer. Se quer uma ind&uacute;stria menos impactante e algo que converse com ela, que seja consciente. O consumidor, por mais que nas pesquisas diga que ele quer pagar mais por isso, eu acredito que ele n&atilde;o &eacute; obrigado. Na Hering todos os pilares, sejam sociais ou ambientais, que colocamos para dentro de um produto, n&atilde;o fazemos o consumidor pagar a mais. Temos certeza de que isso est&aacute; no nosso papel e que faz parte do nosso legado. Na minha concep&ccedil;&atilde;o, esse &eacute; um passo para o futuro da moda: n&atilde;o pagar a mais para ter aquele produto. Temos que sempre nos perguntar: qual &eacute; o papel da moda? E como ela pode impactar positivamente em um cen&aacute;rio e conscientizar as pessoas? Acho que no Brasil as marcas t&ecirc;m um poder de conscientiza&ccedil;&atilde;o do brasileiro. H&aacute; um desn&iacute;vel social no nosso pa&iacute;s, e isso &eacute; um grande alicerce para as marcas de moda conscientizarem esse p&uacute;blico.

L&rsquo;O Quiet luxury e moda b&aacute;sica conversam? Considera a tend&ecirc;ncia uma oportunidade para pe&ccedil;as cl&aacute;ssicas e acess&iacute;veis, por exemplo?&nbsp;
FG Sim. Acho que as pessoas querem consumir, mas tamb&eacute;m optar por pe&ccedil;as que chamem menos aten&ccedil;&atilde;o. O quiet luxury &eacute; uma tend&ecirc;ncia. Pode ser que daqui a algum tempo n&atilde;o seja mais. E sim, o quiet luxury conversa com a moda b&aacute;sica. Ele tem o movimento das pessoas quererem consumir produtos que s&atilde;o mais b&aacute;sicos e minimals, mas que tenham um trabalho na mat&eacute;ria-prima, no caimento e na modelagem do produto, porque isso vai fazer toda a diferen&ccedil;a para a roupa.

L&rsquo;O Quais os pontos em comum dos mercados brasileiro e americano? E as diferen&ccedil;as?
FG Ambos os mercados prezam pela qualidade e pela hist&oacute;ria, que a gente chama dentro da Hering de Smart Choice. &Eacute; uma forma de custo-benef&iacute;cio, mas um custo-benef&iacute;cio realmente inteligente, de optar por ter aquela camiseta ou camisa por uma quest&atilde;o n&atilde;o somente da qualidade do produto, mas o que aquilo pode representar. Por exemplo, a nossa camiseta World, que tem menos consumo de &aacute;gua e de mat&eacute;ria-prima e que tamb&eacute;m neutraliza a emiss&atilde;o de carbono. Acho que os dois mercados prezam por isso. Sobre as diferen&ccedil;as, acho que ambos est&atilde;o atentos &agrave; moda, mas n&oacute;s estamos em um mercado latino-tropical. J&aacute; o norte-americano &eacute; mais b&aacute;sico e minimal. N&oacute;s somos cor, somos vibrantes e alegres e o mercado americano &eacute; mais s&oacute;brio, branco, preto, cinza.

L&rsquo;O A tradicional&iacute;ssima Hering, um orgulho nacional, ampliou suas frentes com Hering Kids, Hering Intimates e Hering Sports. Qual o novo desafio da marca?&nbsp;
FG A Hering &eacute; uma marca que sempre esteve presente na vida do brasileiro &ndash; todo mundo tem ou teve ao menos uma vez uma camiseta Hering no seu guarda-roupa. Nosso novo desafio &eacute; como transformamos essa jornada e essa experi&ecirc;ncia de marca, abrangendo a linha de vestir desde o beb&ecirc; at&eacute; a fase adulta, pegando tamb&eacute;m suas jornadas casuais e de um arm&aacute;rio b&aacute;sico, ou seja, a linha Sports &eacute; uma vertente esportiva, mas &eacute; uma linha mais b&aacute;sica &ndash; voc&ecirc; pode estar sempre fazendo uma atividade ao ar livre, mas n&atilde;o necessariamente de performance. Intimates &eacute; como voc&ecirc; trabalha o underwear e sleepwear dentro dessa jornada, e, por fim, a Hering trazendo o desejo do adulto &ndash; do feminino e do masculino, da mulher e do homem &ndash; realmente em um guar - da-roupa que tem a ver com a nossa vida e dia a dia.

L&rsquo;O Como encara a moda no dia a dia? Qual seu estilo? Qual a pe&ccedil;a mais frequente no seu guarda-roupa?&nbsp;
FG A moda faz parte da minha vida. Meu estilo pode ser definido como um &ldquo;minimal b&aacute;sico&rdquo;, por&eacute;m cheio de acess&oacute;rios, de bossa e de cor. E a pe&ccedil;a mais frequente &eacute; a camiseta. Sempre acho que ela, principalmente branca, &eacute; uma tela, e dependendo da forma que voc&ecirc; a veste &ndash; pode ser com blazer, cal&ccedil;a jeans, saia, com v&aacute;rios acess&oacute;rios, colares, cinto &ndash; voc&ecirc; d&aacute; a sua personalidade. Por isso acho que a camiseta &eacute; realmente esse &ldquo;hero&rdquo; do guarda-roupa.

L&rsquo;O Na sua opini&atilde;o, qual o poder da moda nos anos 2020? Acha que devemos v&ecirc;-lo se ampliando nos pr&oacute;ximos dez anos?&nbsp;
FG O poder da moda dos anos 2020 &eacute; ainda maior na quest&atilde;o da express&atilde;o. N&atilde;o &eacute; de agora o poder de como as pessoas se expressam &ndash; ele come&ccedil;ou l&aacute; atr&aacute;s, em um p&oacute;s-guerra, em 1970 e 1980. Acredito muito que as pessoas sempre usaram a moda para se expressar, e, hoje, ela &eacute; usada n&atilde;o s&oacute; com rela&ccedil;&atilde;o &agrave; express&atilde;o, mas tamb&eacute;m na sustentabilidade, inclus&atilde;o e diminui&ccedil;&atilde;o da desigualdade. A moda tem o papel de mostrar como as pessoas encaram este mundo. E o jeito que elas se vestem &eacute; a maneira de dizerem o que querem e o que esperam desse mundo.

&ldquo;AS PESSOAS SEMPRE USARAM A moda PARA SE expressar, E, HOJE, ELA &Eacute; USADA N&Atilde;O S&Oacute; COM RELA&Ccedil;&Atilde;O &Agrave; EXPRESS&Atilde;O, MAS TAMB&Eacute;M NA sustentabilidade, inclus&atilde;o E diminui&ccedil;&atilde;o da desigualdade. A MODA TEM O papel DE MOSTRAR COMO AS PESSOAS encaram ESTE MUNDO."

L&rsquo;O Quais as bandeiras da Hering? O mote &ldquo;Numa Hering cabe tudo&rdquo; traz pluralidade cultural na m&uacute;sica, arte e moda? &Eacute; tamb&eacute;m um movimento de inclus&atilde;o e diversidade?&nbsp;
FG Primeiro, acho que a gente tem muito no nosso DNA a quest&atilde;o da sustentabilidade. Na nossa sede, em Blumenau, existe uma reserva com mais de 4.500 m&sup2;, mantida h&aacute; mais de 140 anos. Outro pilar que tamb&eacute;m &eacute; muito forte &eacute; diversidade e inclus&atilde;o. Somos uma marca brasileira, uma na&ccedil;&atilde;o que &eacute; feliz, alegre, colorida e vibrante. Faz parte da nossa cultura, como a m&uacute;sica, outro pilar que apoiamos, do qual estamos sempre pr&oacute;ximos. A m&uacute;sica brasileira em toda a sua diversidade no une: todos os ritmos, todas as cores. Somos gente que vibra!

FOTOS: Igor Kalinouski.
ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: Victoria Cavalcante.&nbsp;
RETOUCH: Marcos Nascimento.
BEAUTY ARTIST: Fernando Haddad.&nbsp;
 STYLIST: Luciano Bortolotti.
 PRODUTORA: Executiva Anna Guirr.

Fabiola Guimarães, diretora da Hering, conversa com a L’Officiel

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