A comida sempre esteve conectada à cultura e à herança de uma região – e as novas gerações parecem ainda mais interessadas em entender e conhecer novos sabores e lugares. Talvez seja por isso que o mundo parece estar apaixonado pelo Levante

Se voc&ecirc; est&aacute; faminto pela pr&oacute;xima grande tend&ecirc;ncia de comida &eacute;tnica, precisar&aacute; aprender uma palavra que talvez nunca tenha ouvido antes: Levante, que se refere aos <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/gastronomia/receitas-arabes-experimentar">pa&iacute;ses do leste do Mediterr&acirc;neo</a>, como Chipre, Jord&acirc;nia, L&iacute;bano, Israel, Iraque, S&iacute;ria e Egito e partes da Turquia.

Seja pelo interesse em <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/la-vie-novas-exposicoes-restaurantes-e-drinks-para-voce-conhecer-ja">comer cada vez mais saud&aacute;vel</a>, seja pelo apetite por novos sabores, a comida do Levante parece ganhar cada vez mais f&atilde;s e espa&ccedil;o nas cidades e nos menus mundo afora.

Geograficamente, a regi&atilde;o do Levante vai do Egito &agrave; Turquia e abrange todos os pa&iacute;ses intermedi&aacute;rios do Mar Mediterr&acirc;neo que t&ecirc;m uma grande variedade de pratos &ndash; desde os famosos mezze, como homus e muttabal, at&eacute; pratos tradicionais, como foul e kebab. O nome Levante j&aacute; aparecia em textos de 1497 e originalmente significa &ldquo;o Oriente&rdquo; ou &ldquo;terras mediterr&acirc;neas a leste da It&aacute;lia&rdquo;.

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O interesse pela comida levantina parece ter tamb&eacute;m outro motivo: n&atilde;o s&oacute; ela &eacute; muito saborosa e leve, mas tamb&eacute;m &eacute; preparada para compartilhar. Com muitos vegetais, leguminosas e especiarias orientais como za&rsquo;atar, sumac e cardamomo, &eacute; a escolha perfeita para qualquer dieta ou ocasi&atilde;o. Gr&atilde;o-de-bico, tahini, feta, halloumi, be - rinjela, piment&atilde;o, abobrinha, azeitonas, rom&atilde;, hortel&atilde;, lim&atilde;o e io - gurte &ndash; todos esses est&atilde;o entre os ingredientes b&aacute;sicos do Levante, <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/wellness/conheca-os-10-alimentos-mais-ricos-em-proteinas-para-os-vegetarianos">perfeitos para vegetarianos e veganos</a> ou para aqueles que s&oacute; querem comer bem. De acordo com Barbara Massaad, autora do livro de receitas Mouneh: Preserving Foods for the Lebanese Pantry (Mouneh: conservando alimentos para a cozinha libanesa, em tradu&ccedil;&atilde;o livre) e presidente do Slow Food Beirut, a cozinha levantina pode ser distinguida pelo fato de que &ldquo;compartilha valores, t&eacute;cnicas e receitas comuns de pa&iacute;ses com alguma conex&atilde;o hist&oacute;ria dessa regi&atilde;o&rdquo;.

E se o assunto &eacute; Levante e Oriente M&eacute;dio, n&atilde;o d&aacute; para deixar de falar de Yotam Ottolenghi, o chef que nasceu em Israel e conquistou Londres e o mundo com seus restaurantes e livros de receitas. Ottolenghi n&atilde;o s&oacute; democratizou a culin&aacute;ria da regi&atilde;o, mas tamb&eacute;m criou pratos que viraram sin&ocirc;nimo da nova comida levantina. Al&eacute;m de restaurateur e chef de seis restaurantes em Londres, ele &eacute; o autor de nove livros de culin&aacute;ria &ndash; todos eles hits de sucesso &ndash;, incluindo Plenty, Jerusal&eacute;m e Simple, nos quais ele ensina a fazer sua famosa conserva de lim&otilde;es e como usar o delicioso mela&ccedil;o de rom&atilde;.

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Al&eacute;m da gastronomia da regi&atilde;o, que parece cada vez mais em destaque, outro assunto tem chamado aten&ccedil;&atilde;o para o Levante. Apesar de uma hist&oacute;ria regional de vinicultura de mais 5 mil anos, os vinhos que v&ecirc;m de pa&iacute;ses do Mediterr&acirc;neo Oriental, como L&iacute;bano, Palestina e Turquia, n&atilde;o carregam a mesma for&ccedil;a que as garrafas de pa&iacute;ses europeus convencionais e ainda s&atilde;o considerados emergentes na comunidade mundial do vinho. Especialistas e importadores dizem que a bebida levantina enfrenta v&aacute;rios preconceitos do p&uacute;blico ocidental, principalmente porque o Oriente M&eacute;dio n&atilde;o tem hist&oacute;rico de cultivo de uvas para fermenta&ccedil;&atilde;o, porque o Isl&atilde;, a religi&atilde;o dominante na regi&atilde;o, n&atilde;o permite beber. Outra m&aacute; reputa&ccedil;&atilde;o dos vinhos levantinos &eacute; que eles n&atilde;o t&ecirc;m um senso de identidade pr&oacute;prio e s&atilde;o apenas imita&ccedil;&otilde;es dos europeus. Essas ideias est&atilde;o se tornando menos relevantes &agrave; medida que mais produtores de qualidade est&atilde;o surgindo em todos os lugares, da Cisjord&acirc;nia &agrave; cidade portu&aacute;ria libanesa de Batroun.

E n&atilde;o s&oacute; chefs e sommeliers se renderam aos ventos do Levante. A rede de supermercados brit&acirc;nica Waitrose, que tem mais de 300 lojas em toda a Inglaterra, acabou de lan&ccedil;ar uma linha pr&oacute;pria com 120 produtos celebrando a regi&atilde;o, incluindo receitas vegetarianas e veganas com especiarias e temperos &eacute;tnicos. O chef-executivo da rede, Martyn Lee, diz: &ldquo;Muitos clientes es - t&atilde;o se familiarizando cada vez mais com os alimentos do Oriente M&eacute;dio e descobrindo como eles s&atilde;o vibrantes, coloridos e cheios de sabor. Criamos essa linha para celebrar os sabores distintos das regi&otilde;es espec&iacute;ficas do Levante&rdquo;. Al&eacute;m da linha de produtos, a Waitrose lan&ccedil;ou um canal de YouTube com o nome Te Levantine Table, ensinando a utilizar os ingredientes e convidando chefs para ensinar receitas do Levante.

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O interesse por novos sabores &eacute;tnicos &eacute; uma das principais tend&ecirc;ncias de alimenta&ccedil;&atilde;o para as novas gera&ccedil;&otilde;es, mas a conex&atilde;o com a regi&atilde;o e cultura de um lugar parece ser cada vez mais importante quando o assunto &eacute; comer melhor. A gastronomia n&atilde;o s&oacute; passar&aacute; por um momento de extrema criatividade e inova&ccedil;&atilde;o, mas tamb&eacute;m de resgate ao que faz sentido &ndash; seja pela rela&ccedil;&atilde;o com o meio ambiente, seja por quem est&aacute; por tr&aacute;s daquele prato. E, quando o assunto &eacute; originalidade, nada mais especial do que dar valor a uma caracter&iacute;stica de uma regi&atilde;o, &agrave; natureza de um ingrediente especial, ou sobre como um prato fez e faz parte da cultura de um povo. Talvez seja por isso que uma mesa farta de hist&oacute;ria &eacute; sempre o melhor ingrediente da noite. Dentro de casa ou em qualquer restaurante.

Avante, Levante: comida étnica é a nova tendência

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